O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, garantiu esta quarta-feira que se “vai arranjar o financiamento que é preciso” para prosseguir com a operação imobiliária destinada a demolir o bairro do Aleixo. O capital do Fundo Especial de Investimento Imobiliário ronda os 2,5 milhões de euros, quando devia ser atualmente de cerca de 6 milhões.

“Temos de arranjar, e vai-se arranjar, seguramente, o financiamento que é preciso. Mas isso nada tem a ver com os realojamentos”, frisou Rui Rio, em resposta às críticas da oposição sobre os incumprimentos relacionados com a operação imobiliária e a constituição de um Fundo Especial de Investimento Imobiliário (FEII) para demolir o bairro.

A jurista Cecília Anacoreta Correia revelou, na quinta-feira, que a crise financeira que o país atravessa tem dificultado o acesso da Gesfimo, do empresário Vítor Raposo, ao crédito necessário para fazer avançar a operação financeira e imobiliária, bem como da autarquia, de arranjar parceiros substitutos para o negócio. A Gesfimo foi a única participante no concurso público lançado em 2008 para a escolha do parceiro privado do FEII constituído para demolir o Aleixo.

Ao abrigo do contrato, este Fundo Especial de Investimento Imobiliário (FEII) era detido pelo empresário Vítor Raposo (60%), atualmente a contas com a justiça no caso BPN, pela ESPART, do Grupo Espírito Santo (30%), e ainda pela Câmara Municipal do Porto (10%).

O processo de demolição e consequente realojamento da população local continua a causar polémica entre os habitantes.

Fábio Silva morou todos os seus 23 anos no bairro do Aleixo e considera a demolição “inaceitável”. “Para onde nos vão mandar? Vamos para outros bairros onde não conhecemos ninguém?”, questiona-se Fábio Silva. O jovem afirma que a droga não é um problema. “Falam da droga, disto e daquilo, mas não prejudicam ninguém. Ninguém tem problemas com a droga. Eles vendem o que têm de vender e não fazem mal a ninguém”, desabafa Fábio Silva.