O Imaginarius está de volta às ruas de Santa Maria da Feira e este ano com uma aposta forte nas companhias locais e na parceria com institiuições nacionais, como a Fundação de Serralves, o FITEI – Festival Internacional de Expressão Ibérica, o FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto, a Casa da Música e o Teatro de Ferro .

José Cardoso, membro da equipa de direção do Imaginarius, declara ao JPN que esta é uma escolha estratégica para possibilitar a formação das companhias e artistas locais, criar espectáculos concebidos de raiz para envolverem centenas de pessoas da comunidade e permitir-lhes mostrar os seus trabalhos durante o festival.

O festival orgulha-se da sua forte função social e da integração pela arte. Nesta edição, são cinco os projetos que envolvem a participação da comunidade. Três dos quais são criações Imaginarius: “O comboio Fantasma de Santa Maria da Feira”, que une várias companhias locais sob a direção artítica do inglês Lee Beagley, o “Imaginar o Futuro”, um projeto multidisciplinar que junta a Orquestra Criativa de Santa Maria da Feira e o projeto Corpos Extraordinários do Futuro, numa parceria com o FIMP, e, por último, o Projeto EZ, que envolve veículos a pedais, audácia e uma boa dose de divertimento.

Segundo José Cardoso, também a equipa de voluntários faz com que a comunidade possa participar ativamente, em especial os jovens. A organização decidiu, também, alterar as datas para que o evento aconteça de sexta-feira a domingo, de modo a valorizar o domingo como o dia da família.

O festival conta ainda com um espaço reservado à FleaMarket. Durante a tarde de sábado, vários colaboradores desta feira urbana estarão a vender peças em segunda mão e de artesanato. José Cardoso assume que esta parceria é também uma boa forma de captar público do Porto.

Dulcineia e D. Quixote à solta na Feira

A agenda destaca, a nível internacional, os Pan.Optikum, uma das maiores companhias internacionais de artes performativas. José Cardoso admite que já há muito tempo que o Imaginarius tentava trazer a companhia a Portugal e que, finalmente, este ano foi possivel e com estreia nacional do espectáculo “Transition”, em Santa Maria da Feira, a 25 e 26 de maio.

Outra estreia internacional é a da companhia francesa Cirque Hirsute, com a peça Le Blues de la Mancha. Pela primeira vez em Portugal, a equipa de quatro atores adaptou o mito de Dom Quixote à performance de rua, como num teatro ambulante. Através de uma perspectiva atípica da arte circense, a companhia aborda a história de uma forma burlesca e quase cigana, com um cenário composto por uma caravana e um moinho gigante, blues, duelos e, até, pipos voadores.

O JPN esteve à conversa com Eloise Alibi, que faz o papel de Dulcineia. “Estamos muito entusiasmados com esta vinda ao Imaginarius. Primeiro porque é a primeira vez que a companhia viaja até tão longe para apresentar uma peça. E, depois, porque acabamos de a terminar, está fresquinha”, conta.

Segundo Eloise, com esta estreia em Portugal para um público tão vasto, a equipa achou por bem traduzir o texto para português, de modo a conseguirem uma maior proximidade com o público. “Vou fazer a apresentação toda em português. Apesar de não perceber o que estou a dizer, trabalhei com uma senhora brasileira que me ensinou a pronunciar as palavras da forma mais correta possível”, explica a atriz.

Estreias em Portugal

A 26 e 27 de maio, sábado e domingo, a Comissão de Boas Vindas do Festival vai correr as ruas da cidade com uma parada, um concerto e um baile. Será um espectáculo único que fecha o festival, fazendo da cidade um palco itinerante com músicos, profissionais e amadores, artistas plásticos e grupos de alunos de várias escolas do concelho e do país.

O JPN falou com Filipe Coelho, dos Retimbrar. “O projeto ‘Imaginar o Futuro’ vai levar às ruas da cidade cerca de 400 músicos. Retimbrar vai ser dirigido por António Sérginho e Andrés ‘Pancho’ Tarabbia mas todos nós, da Orquestra Criativa, estaremos sob a direção do Aleksandar Caric”, diz.

O concerto de dia 26 está entregue aos Antwerp Gipsy-Ska Orkestra, também pela primeira vez em Portugal. O JPN falou com a banda que, a 25 de maio, se estreiam no Rock in Rio Lisboa. “Apesar de já termos visitado o país individualmente, é a primeira vez que tocamos em palcos lusos. O Imaginarius é uma novidade completa para nós, por isso estivemos a pesquisar o website do festival e parece ser incrível”, contam.

O Imaginarius é gratuito mas, segundo a organização, dois dos espectáculos serão pagos (com entradas a dois euros), assim como o parque de estacionamento, não só devido à conjuntura atual mas, também, por questões de adaptação do espaço necessário. Para quem preferir os transportes públicos, a Transdev vai reforçar a oferta de autocarros que fazem a ligação Porto-Feira e Feira-Porto, nos três dias do Festival Imaginarius. Cada viagem (ida e volta) custa dois euros. As chegadas e partidas serão concentradas numa paragem improvisada, junto à sede dos Bombeiros Voluntários da Feira.

O orçamento do evento deste ano é de 250 mil euros e inclui 37 companhias de oito países, contando, pela primeira vez, com uma representação do Líbano.