A cidade do rock está de volta a Lisboa. A edição 2012 do Rock in Rio “à portuguesa” arrancou quando passavam poucos minutos das 16h00 de sexta-feira, 25 de maio. Ainda antes da abertura, as imediações da Bela Vista tinham, temporariamente, como cor predominante o negro. Na “corrida” pelos primeiros lugares em frente ao palco “ganharam” os fãs de Metallica, que parecem estar em grande maioria e “equipados” a rigor.

Enquanto os concertos não começam, e como já é habitual no festival, existem muitas atrações para entreter os festivaleiros. Para além das diversões e das “barracas” de ofertas promocionais, existem novidades este ano: a rock street é uma delas e já começa a reunir alguns fãs. Para além das casas que imitam Nova Orleães (e que são preenchidas por comes e bebes), há ainda um coreto (ao estilo do Optimus Alive!11), cartomantes, engraxadores de sapatos e mágicos, a dar vida a esta rua peculiar.

Ao lado, o Sunset abre com Adolfo Luxúria Canibal e amigos, mas sem muito movimento. O sol impera e não perdoa, afastando pessoas do palco, localizado numa das zonas mais desabrigadas do festival. É mais abaixo, já nos espaços verdes, que as pessoas se “escondem” do calor e predominam os indissociáveis sofás insufláveis do Rock in Rio, utilizados pelos mais cansados na longa espera pelos concertos principais.

Durante a tarde, o negro vai-se misturando com o rosa choque das perucas oferecidas por um dos patrocinadores da festa. O cenário torna-se mais eclético. Enquanto uns dormem na relva, muitos aproveitam os concertos no palco secundário ou no mini palco Vodafone (mesmo na entrada) e outros vão acumulando os habituais brindes que, embora em menor número este ano, continuam a obrigar à formação de filas. Aos cabelos compridos e tatuagens juntam-se, agora, metaleiros de palmo e meio. Muitos. Espalhados pelo recinto em família, os fãs mais arreigados de Metallica e Sepultura parecem ter optado por trazer os “rebentos” e o Rock in Rio, em dia “metal”, transforma-se numa versão alternativa das famosas edições especiais de Dia da Criança que já passaram pelo recinto.

Os Sepultura foram a primeira banda a subir ao palco, ainda o sol brilhava na Bela Vista. Iguais a si próprios, os brasileiros não desiludiram o público, já habituado a vê-los por cá, embora tenham “fugido” aos êxitos mais óbvios da sua carreira. Desta feita, trouxeram os Tambours Du Bronx para o palco e a colaboração de tambores e guitarradas satisfez quem assistiu. Seguir-se-ia Mastodon, banda que, entre riffs e aplausos, abriu caminho para a noite e para Evanescence, a banda que serviria de parco “aquecimento” para Metallica.

A apoteose de Metallica

Oito anos depois, eis que Amy Lee e companhia regressam ao Rock in Rio. Os Evanescence entraram e abandonaram o palco com “hits”, recordando algumas das razões que os trouxeram até ao festival uma segunda vez. Mas, apesar do revivalismo ter agradado a alguns na teoria, a prática continuou a mesma: a vocalista, como já acontecera da primeira vez, voltou a desiludir vocalmente e a deixar os poucos fãs do passado desiludidos.

A tarefa também não era fácil: “abrir” para Metallica seria complicado para qualquer banda e os Evanescence não gozam de boa reputação no mundo metal, nem da fama que os acompanhava há uns anos. Fica a simpatia da vocalista e as palavras de apreço ao público paciente como ponto positivo de um concerto mergulhado no passado, a fazer recordar os presentes que os anos 00 já não são tão recentes assim.

Quanto aos Metallica, pouco há a dizer que já não se saiba. Num concerto ancorado no “Black Album”, tocado na íntegra para gáudio dos fãs, o ambiente era de puro louvor. Não havia um festivaleiro que não cantasse a plenos pulmões e poucos eram os que não cerravam os punhos e agitavam os braços. Master of Puppets, Enter Sandeman e Nothing Else Matters foram, previsivelmente, os singles mais entoados. A atuação acabou, ao bom jeito do RiR, com fogo-de-artifício.

Seguia-se, para muitos, uma longa espera por transportes públicos, com a Carris a reforçar as suas linhas noturnas depois do anúncio (oficializado durante a tarde) de que não haveria horários especiais no Metro de Lisboa.

A festa continua hoje, com um mergulho de cabeça no culminar do milénio passado, com direito a Limp Bizkit, Offspring, Linkin Park e Smashing Pumpkins.

Notícia atualizada às 18h12 de 26 de maio de 2012