O segundo dia de Rock in Rio Lisboa 2012 não poderia ter começado mais em força. A multidão à porta no sábado, 26 de maio, multiplicava-se e era possível perceber a principal razão que levava à Bela Vista tantos milhares de jovens. Os Linkin Park dividiam atenções com Smashing Pumpkins, queridos do público mais velho, mas menos representado.
Xutos em dose dupla
Os Xutos e Pontapés, “habitués” do Rock in Rio, atuaram este sábado no palco Sunset. Daqui a uns dias, voltam à Bela Vista para atuarem em nome próprio no palco principal, mas, desta feita, as honras de palco foram divididas com os brasileiros Titãs, numa atuação enérgica e politizada. Também Mafalda Veiga deu algum espetáculo no palco secundário, onde muitos se refugiaram num recinto praticamente lotado.
Antes, porém, era tempo de ouvir Limp Bizkit, a banda de Fred Durst que, apesar da idade, não parou em palco. Ciente da posição da banda no alinhamento, o líder do grupo norte-americano decidiu não sair do palco sem antes mostrar que, se fosse preciso, tocava na vez de todas as outras bandas em substituição dos respetivos vocalistas. Na noite dos “hits” que relembravam os (inacreditavelmente) antigos anos 00, êxitos como “Nookie”, “Behind Blue Eyes”, “Break Stuff” ou “Rollin'” (que serviu para terminar em apoteose o concerto) fizeram as delícias do público mais jovem, que cantou cada verso a plenos pulmões enquanto tentava acompanhar a “pedalada” da banda.
Ainda no campo dos revivalismos, seguir-se-iam os Offspring, que, ao contrário dos colegas Limp Bizkit, já acusam um pouco a idade. A banda norte-americana também aproveitou para desfiar single atrás de single, mas a resposta foi menos efusiva. Apesar de tudo, músicas como “Original Prankster”, “Hit That”, “Get a Job” ou “Pretty Fly (for a White Guy)” foram naturais “crowd pleasers”, servindo para entreter ao final da tarde, antes dos esperados Linkin Park.
Afinal, a noite era dos Linkin Park
Mas se os singles das duas primeiras bandas serviram para ir aquecendo as cordas vocais dos presentes, tal não deve ter chegado para evitar umas quantas rouquidões no dia seguinte. É que o concerto dos californianos Linkin Park, já habituados ao Rock in Rio Lisboa, foi ainda mais enérgico do que se esperava. Irrompendo pelo palco a berrar “A Place for My Head”, Chester Bennington e Mike Shinoda rapidamente assumiram a condição de “maestros” do público da Bela Vista, levando a multidão ao rubro com uma mistura prática de velhos êxitos, intercalados com novas apostas. Quem estava presente não deixou de cantar todas as músicas até à última vírgula, sempre a tentar igualar os decibéis do vocalista.
De “A Place for My Head” até “One Step Closer”, passando por “Given Up”, “Faint”, “Numb”, “Breaking the Habit”, “What I’ve Done”, “Crawling” e “In the End”, foram 22 as músicas que deixaram sem fôlego (e, provavelmente, sem voz) os mais de 80 mil festivaleiros que passaram ontem, sábado, pelo Rock in Rio.
Findo o espetáculo, foi altura de rumar até casa para muitos. A Bela Vista, a abarrotar há uns momentos, já se encontrava bem mais “despida” quando recebeu Billy Corgan, o que resta dos Smashing Pumpkins. A banda cabeça-de-cartaz não tinha tarefa fácil depois do concerto dos LP, mas também não parecia estar muito importada com isso.
Liderada por um Billy Corgan desinspirado e a acusar cansaço, raros foram os momentos que prenderam a atenção do público mais exigente. Ao longo do concerto, iniciado ao som de “Zero”, nem êxitos como “Tonight, Tonight”, “Ava Adore”, “Disarm” ou “1979” conseguiram acordar devidamente o público, numa atuação sem brilho nem muita interação. Nota positiva para a inclusão e interpretação mais efusiva de algumas “raridades”, como “X.Y.U.”, e à rendição de “Space Oddity”, em jeito de homenagem a David Bowie.
A festa continua na sexta-feira, com Lenny Kravitz, Maroon 5, Ivete Sangalo e Expensive Soul no palco principal. Depois, durante o fim-de-semana, será a vez de artistas como Stevie Wonder, Bruce Springsteen, Bryan Adams, Joss Stone, Kaiser Chiefs, Xutos e Pontapés ou James.