Os profissionais do jornalismo desportivo têm que lidar frequentemente com problemas e polémicas do desporto, que continua a ser um assunto que apaixona a maioria da população portuguesa. Sobretudo no que toca a futebol, aquele que é conhecido como o “jornalismo à parte” tem alguns pontos sui generis.
Pedro Azevedo, relator e jornalista da Rádio Renascença, fala na melhoria de características técnicas. O imediatamente e a rapidez nem sempre são bem conjugadas, segundo o relator. As pressões que o jornalismo desportivo encontra em Portugal atingem um ponto de discussão que, segundo o jornalista, se traduz no tratamento dado aos clubes “pequenos”. Pedro Azevedo destaca que estes também são responsáveis pelas poucas vezes que podem aparecer na imprensa.
A emoção no futebol e o relato
Os sentimentos que os clubes potenciam são, na opinião de Bernardino Barros, jornalista da Rádio Renascença, “exarcebados”. O relator acha que “não há ninguém que normalmente se assuma como adepto de um determinado clube e, a partir daí, trabalhe nesta profissão”. “É muito difícil isto acontecer”, diz.
“E é por isso que, muitas das vezes, passamos de bestiais a bestas”, explica Bernardino Barros. “Se eu disser qual o meu clube, imediatamente os ouvintes que me ouviam antes vão passar a ouvir-me de maneira diferente”, considera o relator.
Contudo, no que toca à seleção nacional, um pouco mais de entusiasmo é entendido e aceite. Apesar de Bernardino Barros considerar que a “a isenção deveria existir sempre”, é difícil atingi-la plenamente. João Ricardo Pateiro, da TSF, assume que o entusiasmo cresce quando a equipa portuguesa marca um golo. Conhecido pelos seus animados relatos, diz que “um golo da equipa portuguesa é relatado de uma forma eufórica e, no caso da outra seleção, é feita apenas a referência ao golo”.
A presença de mulheres nos relatos desportivos pode ser uma mudança no futuro próximo do jornalismo? Segundo João Ricardo Pateiro, o preconceito iria existir. O caminho para uma mulher seria “mais difícil”.
Pedro Azevedo considera que o facto de as mulheres não fazerem relatos é uma “questão de tradição”. Porque, “com o devido respeito, o futebol é um desporto de homens”, diz o jornalista, apesar de achar positivo o facto de cada vez mais mulheres irem aos estádios. Pedro Azevedo considera que “o relato também tem de ser uma atividade horizontal”, mas destaca que as características mecâncias de uma mulher e de um homem não são as mesmas.