O primeiro edifício inteligente foi desenvolvido em Portugal por um projeto europeu que conta com a participação de investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). No edifício foram instalados mais de 400 sensores que avaliam condições do ambiente como a humidade, a temperatura e a luminosidade, para permitir saber qual a poupança energética que pode ser feita.

Como Mário Alves, investigador do ISEP, explica, o grande objetivo das tecnologias desenvolvidas não foi resolver “o problema das aplicações” mas criar ferramentas “que permitem essas mesmas aplicações”. Assim, as tecnologias relacionadas com “a área das redes sensoriais sem fios” permitem “caracterizar determinados tipos de parâmetros físicos” do ambiente, que podem ser usados “em diversas aplicações”, garante.

Uma das mais-valias do projeto é “otimizar a resistência energética”, de acordo com o investigador. Exemplo disso é o caso de um dos maiores centros de dados do mundo, que está a ser construído na Covilhã, que, através dos sensores, pretende reduzir em cerca de 20% “uma fatura de eletricidade que deve rondar os cinco milhões de euros por ano”.

A decisão de criar o edifício – ou o “demonstrador em ambiente real”, como diz Mário Alves – surge na tentativa de mostrar “à comunidade científica e ao público em geral” como as tecnologias podem ser utilizadas, de uma forma “simples e intuitiva”. Contudo, as ferramentas do projeto EMMON foram já usadas noutros contextos, como na monitorização de estruturas “como pontes, túneis e edifícios históricos” e permitem “evitar fenómenos como pontes que caem” quando as estruturas estão deficientes.

O projeto europeu foi coordenado pela Critical Software e codesenvolvido pelo CISTER/INESCTEC – Centro de Investigação em Sistemas Embebidos e de Tempo Real, do ISEP. Outro dos apoios foi dado pelo Centro Empresarial e Tecnológico da SANJOTEC, cujo edifício foi escolhido para se transformar numa estrutura inteligente. A escolha do edifício deve-se ao facto de ser “um centro empresarial ligado à alta tecnologia” com mais de vinte empresas que tem “condições interessantes”. O protótipo inclui vários tipos de sensores que envolvem “grande parte do edifício”.

Algumas empresas já estão, de acordo com o investigador do ISEP, a tentar “explorar os mercados” para a aplicação das tecnologias. No entanto, o interesse da instituição é sobretudo académico e relacionado com a “disseminação do trabalho do ponto de vista científico”. O projeto conta ainda com várias parcerias de diversos países como o Trinity College Dublin, na Irlanda, a Aristotle University of Thessaloniki, na Grécia, e o Centro de Estudios e Investigaciones Técnicas de Gipuzkoa, em Espanha.