Com 21 anos, Ana Margarida Cardoso já vai no segundo romance. É recém-licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho (UM) e, neste momento, está a tirar o mestrado em Comunicação Estratégica, na Universidade Nova de Lisboa (UNL).

No próximo dia 8 de junho vai apresentar, em Braga, o romance “O Peão Indomável”. O livro centra-se na vida de dois jovens jornalistas que têm a oportunidade de estagiar numa das mais conceituadas redações portuguesas. Contudo, o utópico mundo que conceberam não parece corresponder à complexidade que têm de enfrentar no dia-a-dia da redação.

As personagens principais, Ana Luísa e Rui, vêm-se, assim, num ambiente de pressões políticas e paradoxos éticos, uma temática “muito atual”, como destacou a autora em entrevista ao JPN.

Este já não é o primeiro romance de Ana Margarida Cardoso, que se estreou na literatura em setembro de 2006. O primeiro livro, chamado “Suzannah”, abordava a temática da violência doméstica através da vida de uma jovem estudante. O gosto pela escrita teve origem na leitura. “Comecei a ler muito cedo. Os meus pais ensinaram-me em casa antes de entrar para a escola”, revela Ana Margarida.

A autora refere que esta obra é bem “mais adulta” que a anterior e que a história é contada “a duas vozes”. “A experiência dos dois jovens nessa redação e os conflitos de ética que vão surgindo, nomeadamente pressões por parte das políticas do jornalismo, são o principal foco do romance”, juntamente com o combate à precariedade da profissão, explica Ana Margarida.

A atualidade do tema e o fascínio pelo jornalismo foram duas das principais razões para este livro, escrito em apenas dois meses e meio. “Este romance reflete o gosto que eu tenho pela área da comunicação e, em especial, pelo jornalismo”, revela, acrescentado que a obra acaba por ser o “retrato de muitas conversas de café” com colegas que já exercem a profissão.

“O Peão Indomável” vai ser apresentado no próximo dia 8 de junho, no Museu Nogueira da Silva, em Braga. José Pedro Marques, coordenador da RTP Informação, e Pedro Santos Guerreiro, diretor do “Jornal de Negócios”, vão apresentar a obra. Pedro Santos Guerreiro é, aliás, uma das inspirações de Ana Margarida Cardoso no panorama jornalístico português.

O futuro no jornalismo e na escrita

Ana Margarida revela que já pensou em emigrar mas que, neste momento, prefere acreditar que poderá exercer jornalismo em Portugal. O jornalismo televisivo é o género que mais a atrai. “Tenho um gosto especial pela edição e por informar através da imagem”, aponta. A nível de televisão, Ana Margarida admira, também, o trabalho de José Alberto Carvalho. Contudo, não deixa de dizer que o jornalismo é, sobretudo, um grande gosto.

Colaborações no jornal “Repórter Local”, da sua terra natal, Caldas das Taipas, em Guimarães, com a reitoria da UM e o jornal “ComUM” marcam o percurso de Ana Margarida, que vê no jornalismo uma possibilidade de “conhecer pessoas e histórias que, de outra forma, não seria possível conhecer”.

Ao escrever sobre situações reais, “coisas que acontecem todos os dias nos jornais”, Ana Margarida Cardoso condena as pressões extremas que têm feito notícia recentemente. “As pressões do poder político sempre existiram e sempre vão existir. O problema começa quando se passa para a ameaça. Cabe ao jornalista saber lidar com essa situação”, reflete a jovem jornalista.

Ana Margarida Cardoso revela ter ideias para um próximo romance e pretende continuar a escrever e conjugar as duas paixões: jornalismo e literatura.