À terceira foi de vez. A chuva não perdoou e “aterrou” de forma implacável no Parque da Cidade. As mantas de piquenique foram substituídas pelos impermeáveis mas, ainda assim, a afluência ao recinto foi ainda maior: São Pedro não deixou ninguém em casa e trouxe ao Optimus Primavera Sound 24 mil festivaleiros.

Entre sapatilhas All Star e Sapatos Oxford, ninguém escapou ao “festim” de lama no último dia do evento pelo recinto a “céu aberto”. Impiedosa, a chuva fez-se sentir até ao início da noite.

Um dia atribulado que contou com uma série de complicações para a organização: com a chuva, alguns problemas técnicos obrigaram ao cancelamento do concerto dos Death Cab For Cutie, enquanto James Ferraro esteve “desaparecido do mapa” não tendo sido encontrado a tempo do espetáculo. Duas baixas pesadas para o palco Optimus e que deixaram os festivaleiros a temer pelo pior.

Primavera no Porto também em 2013

Em conferência de imprensa realizada este sábado ao final da tarde, a organização do Optimus Primavera Sound apenas garantiu a realização do festival para 2013, sendo que a eventual renovação será feita ano a ano. Vladimiro Feliz, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, apontou o próximo ano como de “grandes desafios”, uma vez que será necessário um esforço maior para compatibilizar o festival com a realização do Circuito da Boavista.

Mas para alívio das massas, Kings Of Convenience e The XX mantiveram os concertos e mostraram que sabem muito bem o que fazem. Mas já lá vamos. Até porque, ao terceiro dia, o palco Club mostrou-se cheio de energia e canalizou imensos festivaleiros: alguns pela tenda coberta, mas a maioria pelos grandes momentos musicais que estavam reservados para essa noite. Os The Weeknd trouxeram uma mistura implacável de R&B e muita sensualidade, enquanto os Wavves, com um ritmo frenético, fizeram disparar pulsações com uma mão cheio de hinos punk que se faziam ouvir por todo o recinto. Que o digam os Kings of Convinience, que viram o início do concerto marcado pelas batidas vindas do palco Club. Em jeito de brincadeira, ameaçaram não continuar com o concerto enquanto a “festa” dos Wavves não terminasse. Mas a verdade é só uma: a banda norueguesa continuou em palco e deu um dos espetáculos mais memoráveis da noite (e do festival).

Os Kings Of Convenience não desiludem e provam, pela enésima vez, que rendem qualquer pessoa ao seu talento e simpatia. É impossível ficar indiferente a estes senhores que se entregam em palco de maneira contagiante. Sob um mar de gente, as melodias da banda fizeram vibrar quem assistiu ao concerto. No final do espetáculo, trocámos as melodias frescas pelos sintetizadores de Washed Out. O projeto de Ernest Green trouxe uma onda de psicadelismo à tenda Club que foi atraindo público ao longo do concerto.

Mas a noite estava reservada para os The XX. Três anos depois do lançamento do álbum de estreia, o público ficou eufórico aos primeiros acordes da banda britânica. As letras estão na ponta da língua dos milhares que assistem ao concerto. Os corpos soltam-se e as coreografias são simples mas sentidas. Quando, já perto do final, os acordes do tema “Stars” começam a ser ouvidos é impossível deixar de pensar que a chuva e a lama valeram bem a pena.

O Primavera Sound despede-se do Parque da Cidade com a certeza de que volta para o ano. Para hoje, Best Youth e Kindness estão agendados, entre outros nomes, para o último dia de festival que acontece entre a Casa da Música e o Hard Club.

Notícia atualizada às 16h35 de 10 de junho