Em 2010, Jorge Franco lançou-se numa viagem de auto-caravana, de 42 dias, até África do Sul para apoiar a seleção portuguesa no Mundial de Futebol 2010. Dois anos depois, é a vez do Europeu e a viagem não é menos arriscada: 38 dias para atravessar a Europa numa bicicleta e chegar a Opalenika, na Polónia, antes mesmo dos jogadores.

“A seleção tem-me apaixonado mais que outras coisas e achei que dois dias de carro não tinha graça nenhuma e, então, vou de bicicleta”, explica Jorge Franco. Ainda assim, é difícil de perceber o que o move. Não deve haver muitos portugueses que não queiram ver a equipa nacional ganhar uma taça e que não se prestem a um sacrifício para que isso aconteça. No entanto, atravessar continentes não é para todos. Jorge Franco sabe que é caso raro e, na hora de explicar esta fixação pela equipa portuguesa, fica sem palavras.

“Quando entro no ambiente de seleção dá-me uma alegria enorme”, diz o adepto, que explica, assim, as suas viagens. E, ao contrário do que possa parecer, desta vez as dificuldades são maiores, uma vez que se lançou à estrada completamente sozinho e sem a companhia dos dois colegas de viagem habituais. “É uma experiência nova e vai ser um sofrer sozinho”, confessou o auto-entitulado fã nº 1 de Portugal antes da partida.

“Criei metas para me motivar a mim próprio. Sem uma meta, a pessoa desiste”

O medo de falhar esteve sempre presente, até porque o planeamento da viagem até ao lugar de estágio da seleção foi todo seu. Jorge Franco recorreu a um treinador do Porto para o ajudar, mas o trajeto de 36 mil quilómetros na “Conquistadora”, o nome da bicicleta, foi feito segundo uma pesquisa e conhecimentos de ciclismo que foi adquirindo. “Levo um saco cama, mas tenda não porque são mais dois quilos e isso é muito. Há dias que sei onde vou dormir, mas outros não”, diz Jorge Franco. No entanto, não queria, antes da partida, pensar muito nos imprevistos que sabia que ia ter, para manter a moral em alta.

Partiu a 25 de abril e, para o atleta, isso fez todo o sentido. Não tanto pelo simbolismo, mas por uma questão de sorte, uma vez que em 2010 saiu na mesma data para o sul do continente africano.

Ainda assim, nada ajuda a combater as saudades de casa. Isso é sempre o mais difícil e a única atenuante pode ser o facto de, neste roteiro, já ter acesso à Internet. À saída, o adepto acreditava na sua auto-determinação e explicava melhor a estratégia para chegar ao destino. “Criei metas para me motivar a mim próprio. Sem uma meta a pessoa desiste”, revela Jorge Franco.

“O investimento é 101% meu”

O sonho comanda, verdadeiramente, a vida deste adepto. No entanto, em termos práticos, trata-se de estar mais de um mês fora de casa, sem trabalhar e com despesas diárias. Jorge Franco também pensou nisto, mas garante que não teve o apoio financeiro de ninguém. “O investimento é 101% meu e estou a ter despesas brutais”, garante.

Nesse aspeto, gostava de ter tido mais apoio das entidades públicas da sua localidade de residência, Palmela, mas não se arrepende. “Vou fazer a festa por minha conta”, diz o adepto. O sentimento da chegada, garante, é fabuloso, mas se Portugal ganhar este campeonato, ainda vai ter um sabor acrescido. “Ninguém me vai conseguir aturar por muito tempo”, afirma Jorge Franco.