O segundo dia de Optimus Alive!12 começou com muito sol, algum vento e a promessa de uma noite mais calma que a anterior. Pelo recinto, e apesar do cancelamento, eram muitas as tshirts de Florence and The Machine que coloriam o Passeio Marítimo de Algés.

O palco Heineken

No entretanto, e no palco Heineken, algum destaque tem de ser feito a duas atuações, por diferentes razões: Tricky e Awolnation. O primeiro porque era um dos mais aguardados deste segundo dia e não desapontou e os segundos porque vinham para cantar um single e acabaram a dar espetáculo. Quanto a Tricky, há que destacar a versão de “Ace of Spades”, que teve direito a presença de fãs em palco. Já no que diz respeito aos Awolnation, “Sail” foi o inevitável ponto alto de um concerto surpreendentemente frenético e interativo.

Morcheeba foi a banda escolhida para fazer esquecer a ausência de Florence Welsh e companhia. Em palco, os também britânicos fizeram o que lhes competia nesta situação: entreter os milhares de fãs que esperavam ansiosamente por The Cure e servir de interlúdio de jantar.

Mas recapitulemos. A primeira banda a entrar no palco principal este sábado foi We Trust, o “vanity project” de André Tentúgal. À hora marcada, subiram ao palco principal do Alive!12 e, ainda com muito sol, foram reunindo alguns adeptos ao pé do gradeamento. Este projeto musical já vai acumulando presenças em festivais e novos fãs, ancorando-se em “Time (Better Not Stop)”, o seu grande êxito, para angariar mais uns quantos.

Cantado o single, era a vez de se apresentarem os Noah and the Whale que, tal como Mumford and Sons, se estreavam por terras lusas. Altura, então, de dar espaço aos milhentos britânicos presentes no recinto e aos fãs, unidos em torno destes dois pedaços de “mau caminho” folk. Atuações pontuadas por muitos sorrisos, ou não fosse a altura do dia a ideal para a mistura dos violinos e instrumentos ecléticos que houve em palco. Estava tudo no ponto para iniciar uma autêntica viagem ao passado, que só culminaria às três da madrugada.

A cura para todos os males

Sem um segundo de atraso, os The Cure apresentaram-se em Algés à meia-noite, prontos para levar todos os presentes (e eram muitos) a passear pela juventude. Nas primeiras filas, e aos primeiros acordes, mal se acreditava que era real o que se passava no palco, envolto numa nuvem de fumo incessante. Muitos gritavam, outros saltavam, numa devoção que atravessava gerações.

Ao todo, foram três horas certas de emoção à flor da pele. Só para fãs e só para os mais resistentes e fervorosos. Quem conseguiu aguentar o inesgotável desfiar de canções, quase sem pausas, de Robert Smith e companhia foi presenteado com muitos êxitos: “Plainsong”, “Pictures of You” e “Lullaby” logo a abrir, “Friday I’m in Love” e “One Hundred Years” a meio da “maratona” e, já no final do penúltimo encore, o intemporal “Boys Don’t Cry” (já para não falar do bónus “10:15 Saturday Night”, raro ao vivo).

Uma noite de sonho para os mais saudosistas, onde não faltou, apesar da lotação, espaço para dançar e sentir, nem oportunidades de confraternização, no ambiente livre e descomplexado que caracteriza um concerto de The Cure e contrasta com o que vai em cima do palco. Findo o espetáculo, o vento tratou de ajudar a acordar o torpor e a fazer a multidão regressar rapidamente ao presente.