O Optimus Alive!12, esgotado este domingo, dificilmente poderia ter tido melhor concerto de encerramento. Radiohead, banda de culto que já não passava por Portugal há muito tempo, ficou incumbida de fechar com chave de ouro a edição deste ano. E não era para menos. Afinal de contas, uma década de ausência só poderia resultar em uma de duas coisas: expectativas demasiado altas a saírem goradas ou no culminar da frustração em apoteose.

A paciência parece ter sido recompensada ontem, no Passeio Marítimo de Algés, com uma experiência transcendente e hipnótica, que ainda poucos saberão explicar.

“Dez anos é muito tempo”, queixou-se Thom Yorke, vocalista dos Radiohead, a dada altura do concerto. O público parecia gritar isso mesmo, a meio caminho entre a contemplação e o êxtase. Apanhava-se de tudo um pouco: havia quem olhasse para as estrelas, em transe, quem dançasse freneticamente, quem simplesmente chorasse. As luzes e os sons que emanavam do palco hipnotizavam e transportavam a multidão para um espaço muito próprio, feito de luz e sentimentos, tudo em exagero e à flor da pele, como deve ser.

Não faltaram os clássicos (excetuando os óbvios) e as novas canções que refletem a sonoridade atual dos Radiohead, nestas duas horas de espetáculo. O público reagia fosse a que canção fosse e pedia mais, tentando acompanhar as danças efusivas do vocalista. Sem grandes conversas, a banda retribuía, chegando a regressar a palco duas vezes, antes de terminar o concerto ao som de “Street Spirit (Fade Out)”. Ouviu-se, também, “Bloom”, “Staircase”, “Weird Fishes/Arpeggi”, “Pyramid Song”, “Lotus Flower”, “Paranoid Android”, “Lucky” e “Idioteque”, entre tantas outras canções, para gáudio dos fãs.

Paus e Caribou a preparar o caminho

Antes, porém, houve tempo para ouvir PAUS, The Kooks e Caribou. Os portugueses abriram as hostilidades, com um concerto bem conseguido, que chamou a atenção dos muitos estrangeiros presentes no recinto. No entanto, as primeiras reações efusivas ficaram guardadas para os Kooks, já conhecidos do público português. A banda trouxe para o recinto o cheiro a praia e verão e animou as últimas horas da tarde, enquanto os festivaleiros se iam posicionando ao pé do palco, já “atestados” e prontos para esperar pelo último concerto da noite.

Caribou transportou o público de volta à realidade, relembrando os presentes de que estavam prestes a ouvir um concerto experimental e eletrónico, para o caso de alguém ter andado a dormir nos últimos 10 anos. Podia ter sido qualquer banda que o resultado ia ser o mesmo, mas o certo é que, para “banda de abertura” de Radiohead, os Caribou fizeram mais do que se esperava: deram espetáculo e só não deixaram saudades quando saíram de palco porque o público já só pensava no que viria a seguir.

Pelo Passeio Marítimo de Algés passaram, este fim-de-semana, 155 mil pessoas. Para o ano há mais, com a próxima edição já marcada para os dias 12, 13 e 14 de julho de 2013.