São já dez as edições, mas a história do festival Marés Vivas começa há mais tempo, em 1998, ano que implicou mudanças e vontade de experimentar coisas que ainda não tinham sido feitas.

Foi neste contexto que surgiu na cidade do Porto o Marés Vivas, que mais tarde viria a mudar-se para Vila Nova de Gaia. Nasceu “sem grandes regras de profissionalismo”, lembra Jorge Silva, um dos organizadores do festival. Se nos últimos anos tem aparecido no radar dos festivais de verão da Europa, o Marés Vivas começou de uma “forma artesanal”, lembra.

GNR, Ornatos Violeta e Guano Apes nas primeiras edições

Em 1999, Rui Veloso, Blind Zero, Clã, Despe e Siga, Da Weasel e Blasted Mechanism fizeram parte do cartaz. Esta edição aconteceu pontualmente, durante cada fim de semana dos meses de julho e agosto. Os músicos atuaram em vários locais, entre os quais a praia de Crestuma, o largo da Afurada e o parque de exposições.

Para Jorge Silva, o Marés Vivas veio ocupar um espaço nos festivais de Verão em Portugal. “O festival de Vilar de Mouros não foi acarinhado pelas instituições locais”, isto é, “ninguém percebeu que era um evento de referência”, aponta. O Marés Vivas veio colmatar esse espaço e mobilizou “não só as pessoas do norte, mas também de outros países”, acrescenta.

A terceira edição do festival de V. N. Gaia aconteceu em 2000 com GNR, Ornatos Violeta, Santos e Pecadores, e Xutos e Pontapés como cabeças de cartaz. Desta vez, o Marés abriu as portas durante três dias: 29 de Julho, 5 e 12 de agosto.
Em 2001, recebeu bandas como Jon Spencer, Blues Explosion, Yo La Tengo, The Gift e Guano Apes. Foi o primeiro passo para a internacionalização do evento musical.

Seguindo um conceito de festival cosmopolita e urbano, o Marés “tem sempre em conta o gosto dos mais novos, mas sem impedir que os fãs de Scorpions ou de Billy Idol, por exemplo, também marquem presença”.

Após 2001, o festival regressa apenas em 2007, com Young Gods, Blasted Mechanism, entre outros, a atuarem durante dois dias na praia do Areinho.

“O festival mais barato da Europa”

E se o Marés Vivas foi considerado, há dois anos (em 2010), “o festival de verão mais barato da Europa”, como sugere Jorge Silva, esta condição não é fácil de manter. “Tentamos controlar um orçamento em que providenciamos tudo o que é necessário em cima do palco”, refere Jorge Silva. Desde o primeiro momento, a organização procurar “negociar quando os artistas pedem, por exemplo, limusinas e banheiras de hidromassagem”.

Um festival não se faz apenas da qualidade do cartaz ou dos artistas que sobem ao palco. Há também o ambiente e a localidade que o acolhe. O reconhecimento de que o Marés Vivas “vai mais para além da questão musical” percebe-se quando “os hotéis estão cheios ou os restaurantes apresentam programas especiais para a semana do festival”.

Os transportes “são utilizados como nunca” e os parques de campismo “estão lotados”, conclui Jorge Silva. Nos últimos três anos, “passaram pelo Marés cerca de 250 mil pessoas”. Cada vez mais estrangeiros, que também “aproveitam para conhecer o norte do país”, acrescenta.

Para 2012, o Marés comemora a décima edição e acrescenta um dia ao festival. De 18 a 21 de julho, a praia de Cabedelo prepara-se para receber Billy Idol, Franz Ferdinand, Anastacia, Kaiser Chiefs, Wolfmother, The Sounds, The Cult, Garbage, Gogol Bordello, Ebony Bones, Gun, The Hives, Azeitonas, Pedro Abrunhosa e Mónica Ferraz.