E no derradeiro dia de festival, o cansaço já se fazia notar depois de quatro noites de folia.

O concerto da noite aconteceu pouco depois das 22h00, com a atuação eletrizante dos The Hives. Habituados a estas andanças, trouxeram um espetáculo frenético onde todos os temas serviram para arrancar energia dos festivaleiros. O público aglutinou-se em frente ao palco e não quis perder pitada dos sons que chegaram diretamente da Suécia. De fraque, os menos atentos ao percurso musical da banda apanharam uma valente surpresa: os “bad boys” cedo revelaram que v ieram ao Marés Vivas TMN para uma descarga de punk-rock única e arrepiante. Provaram, sem margens para dúvidas, que mereciam fechar o palco principal neste último dia de Marés Vivas.

Logo depois, e com um atraso considerável, recebemos a desilusão da noite e, quem sabe, de todo o festival. Anastacia veio a Portugal sem brilho e energia. Sem material novo para mostrar aos fãs, a cantora norte-americana fez o que todos esperavam: trouxe na bagagem um repertório cheio de sucessos de outros tempos. E nem assim o público aderiu ao concerto. Sem a garra e a voz de álbuns como “Freak Of Nature” ou o homónimo “Anastacia”, só a versão de “Empire State of Mind” de Jay-Z cativou verdadeiramente o público quando “New York” foi substituído por “Porto”. Sem presença em palco e sem a voz a que estávamos habituados, este concerto não vai ficar na memória dos festivaleiros.

Um “até já” em português

A fechar o palco principal do Marés Vivas esteve Pedro Abrunhosa. Acompanhado pelos Comité Caviar, o música portuense puxou pelo lado mais rockeiro ao longo de quase toda a atuação. As novas versões de alguns clássicos prolongaram-se mais do que deviam, ainda que a entrega de Abrunhosa em palco seja digna de se ver. Sempre contestatário, o músico prefere “o caos ao silêncio”, fazendo referência aos “corruptos” que colocaram o país no estado atual. Com um concerto longuíssimo e que foi perdendo público à medida que as horas iam avançando, só perto das 04h00 é que o palco principal “fechou atividade”.

“Até para o ano” Marés Vivas

O Festival Marés Vivas está confirmado para o próximo ano. Em conferência de imprensa, Jorge Silva, da PEV Entertainment, garantiu que os objetivos deste ano foram cumpridos e que, em 2013, o festival acontece entre os dias 18 e 20 de julho.

Mas na última noite de festival, coube a outra portuguesa abrir a festa. Mónica Ferraz trouxe uma energia soul bem calibrada e mostrou que a carreira a solo está só agora a começar. Sempre elegante e com uma aura simpática, a ex-vocalista dos Mesa, fez entoar alguns refrões e mostrou a sua versatilidade com alguns temas pop, outros disco e ainda algum rock. Mas a soul está-lhe, precisamente, na alma e “Golden Days” deixou os festivaleiros estarrecidos perante uma artista com um potencial tremendo.

Em dia de balanço, passaram pela praia do Cabedelo, em Vila Nova de Gaia, 95 mil festivaleiros para uma edição muito especial do Marés Vivas. Resta-nos agora dizer um “até já” e esperar por mais novidades do festival de verão mais “family-friendly” do país.