Apesar de serem o evento desportivo de maior dimensão a nível mundial, os Jogos Olímpicos são um fórum social promovido pela competição.

Dopping

Nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, o ciclista Knud Enemark Jensen colapsou durante os 100 quilómetros de contra relógio, tendo fraturado fatalmente o crânio. A autópsia deu a conhecer que o atleta tinha anfetaminas e Roniacol (substância que diminui a pressão sanguínea) no sangue. Com o calor que se fazia sentir na altura, 33 graus centígrados, a causa oficial da morte foi insolação.

A morte levou o Comité Olímpico Internacional (COI) a formar uma comissão médica em 1967 e a começar os testes de dopping em 1968. Foi a primeira morte relacionada com dopping nos Jogos Olímpicos. Também o português Francisco Lázaro faleceu durante uma prova olímpica, na maratona dos jogos de 1912, em Estocolmo. A causa da morte foi um ataque cardíaco ao 29.º quilómetro da prova.

O primeiro caso oficial de dopping foi precisamente registado nos JO de 1968, na cidade do México, no primeiro ano de ação da comissão médica. O velocista Ben Johnson, atleta do Canadá, ficou sem a medalha de ouro que tinha ganho na prova dos 100 metros, depois de os testes de controlo terem acusado substâncias ilícitas. O atleta ainda tentou contestar, mas o COI não aceitou o protesto. Ben Johnson ficou sem competir durante dois anos e perdeu todas as outras medalhas que tinha ganho anteriormente.

Atentados

Os Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos da América, em 1996, ficaram manchados por uma explosão na cidade olímpica que viria a matar duas pessoas e a ferir 111. O FBI desconfiou que o autor fosse o segurança que deu o alarme, mas Richard Jewell foi isento de culpas quando, dois anos mais tarde, Eric Rudolph foi acusado como autor do atentado. A polícia de Atltanta, cidade que teria naquela altura mais de 100 mil visitantes por dia, recebeu uma ameaça de bomba e a respetiva localização, mas já terá sido tarde demais para evacuar o parque onde decorria o concerto da banda Jack Mack and the Heart Attack, no âmbito das comemorações olímpicas.

O massacre de Munique é um dos episódios mais marcantes e mais conhecidos da história dos Jogos Olímpicos. O ataque terrorista decorreu nos JO de 1972, quando oito terroristas palestinianos mataram dois membros do Comité Olímpico israelita e fizeram reféns outros nove. A situação acabou com um grande tiroteio que matou os nove reféns e cinco dos terroristas. A seguir ao massacre, o governo israelita organizou uma retaliação contra o “Setembro Negro” chamada “Operação castigo de Deus”.

Luta Social

Os Olímpicos de 1968, no México, ficaram marcados pelos protestos silenciosos dos atletas de raça negra contra a descriminação racial.

Tommie Smith e John Carlos, medalhados nos 200 metros com ouro e bronze, respetivamente, mantiveram as cabeças inclinadas para o chão e ergueram uma das mãos, usando uma luva negra, em gesto de saudação, enquanto o hino nacional dos Estados Unidos passava na cerimónia de entrega das medalhas. Pretendiam demonstrar a sua revolta perante a discriminação das pessoas de raça negra nos Estados Unidos da América. Assim que deixaram o pódio, no fim da cerimónia, os atletas foram vaiados pelo público.

Dois dias depois, ambos foram suspensos da equipa nacional e voltaram imediatamente aos Estados Unidos. Alguns consideraram que o espírito olímpico tinha sido violado ao trazer a política para o recinto. Foram recebidos nos EUA como heróis, pela comunidade afro-americana, mas vistos por outros como causadores de problemas e chegaram inclusivé a receber ameaças de morte. Ao fim de 30 anos após o protesto, os dois homens foram homenageados pelo seu papel na defesa dos direitos civis na América.