O festival MANTA regressou a Guimarães, desta feita inserido na programação da Capital Europeia da Cultura, esta quinta e sexta-feira. O evento deste ano teve dois momentos. No primeiro, dois músicos portugueses, Gobi Bear e Azevedo Silva, a abrir os finais de tarde, na praça de S. Tiago. No segundo, duas mulheres: Russian Red e Nite Jewel, à noite, no Centro Cultural Vila Flor.

Dois dias de música pela Capital Europeia da Cultura

O festival MANTA decorre anualmente no Centro Cultural Vila Flor. No entanto, e este ano, o evento foi integrado no programa de Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012.

Num ambiente descontraído e festivaleiro, os presentes dividiam-se entre as mantas, a relva e os sofás disponibilizados nos jardins do Centro Cultural Vila Flor e no Café Concerto. De cerveja na mão ou não, havia sempre algum balanço e um bate pé a acompanhar a muita música que marcou o Manta, de entrada livre.

Às 19h00 de quinta-feira começava o evento, na praça de São Tiago. O vimaranense Gobi Bear obrigou a uma chegada precoce à mítica praça, que só costuma encher à noite. Marcado por um multinstrumentalismo inovador e um registo intimista, Gobi Bear trouxe para o concerto o seu mais recente álbum “LP EP”. Com uma guitarra e mais uns tantos instrumentos, o artista Diogo Pinto deu música também para quem jantava, nos restaurantes espalhados pelo Centro Histórico.

À noite, pelas 23h00, foi tempo dos jardins do CCVF receberem a espanhola Russian Red. Na relva, já havia pouco espaço para sentar e nas filas da frente sabiam-se as letras das músicas de cor.

A espanhola foi junção de ousadia e serenidade, melancolia e luminosidade. O público rendeu-se especialmente quando se ouviu “Fuertventura” e “Cigarrettes”, algumas das suas canções mais conhecidas. Depois de cada música, os gritos e os aplausos teimavam em durar, em sinal de entusiasmo e agradecimento pelo momento. Para o fim, houve ainda tempo para uma versão atrevida de “Girls Just Wanna Have Fun”, que elevou as expetativas para a noite seguinte.

Na sexta-feira, por sua vez, a festa começou também ao final da tarde, e quando já “cheirava” a fim-de-semana. Azevedo Silva veio do Porto para o Centro Histórico vimaranense para dar início ao segundo dia do MANTA. Na sua música há uma consciência idêntica à de Zeca Afonso. “Estamos na fossa. Temos que tentar voar”, dizia, enquanto explicava o que ia cantando. A portugalidade está na voz, no vocabulário, nas cordas e na guitarra. Num tom melancólico, o concerto soube a viagem. Por Portugal, pelos portugueses e pela vida de Azevedo Silva.

Para a noite, chegaria a vez da esperada Nite Jewel, que ocupava o papel central do cartaz do MANTA. Já passavam bons minutos das doze badaladas quando a norte-americana iniciou o último concerto do festival. A sua energia foi aumentando à medida que o tempo passava. A artista manteve a suavidade juvenil de quem dança sozinho no quarto. Comparada a Feist e a Sade, Nite Jewel, no CCVF, explicou o porquê de se manter na linha da frente das novas figuras universais da linha da pop.