As Noites Ritual começaram em 1992, numa altura em que o panorama musical do Porto se confinava a iniciativas pontuais, exigindo, por isso, o nascimento de propostas regulares, capazes de desenvolver de forma estruturada a vida cultural da cidade.

Apesar da época de contenção que se vive, a organização garante que o orçamento se mantém inalterado. Além das habituais atuações musicais, este ano, o Noites Ritual espalhou-se até ao Hard Club. Até 1 de setembro, o Festival vai contar com 24 eventos em seis dias consecutivos. Concertos, exposições, workshops, mostras de graffiti, debates, teatro e animação de rua.

Edição 2012 a cumprir o ritual

No dia 31, às 22h00, o Palácio de Cristal recebe a música dos Dead Combo, acompanhados pela Orquestra das Caveiras. O duo, responsável pela banda sonora de um episódio da série “No Reservations”, regressa ao palco do Noites Ritual, onde estiveram em 2009. No mesmo dia, a partir das 00h15, os Wraygunn mostram ao público o novo álbum “L’Art Brute”, pela voz do líder carismático Paulo Furtado.

No sábado há PAUS e A Naifa. Os primeiros surgem em boa forma musical, depois de um dos concertos da banda ter chamado a atenção da revista inglesa especializada “New Musical Express”. Os segundos nasceram em 2004, pelas mãos de João Aguardela (vocalista dos Sitiados) e Luis Varatojo (dos Peste&Sida e Despe e Siga). Em 2010, e depois do falecimento de João Aguardela, regressam ao ativo e apresentam o álbum mais recente ao público.

Os bilhetes custam cinco euros, dando acesso aos dois dias do festival, sendo a entrada gratuita para crianças menores de 10 anos, inclusive, quando acompanhadas por adultos e até ao limite da lotação do recinto.

Com entrada livre há, na avenida das Tílias, o “Mercado Ritual”. Na sexta-feira, entre as 20h00 e as 01h30 e, no sábado, das 10h00 às 01h30 (com interrupção entre as 19h00 e as 20h00).

Outro atrativo para as Noites Ritual será o “Cabaret Ritual do Meio Morto”, uma performance com números musicais e circenses coproduzida pela Companhia Marionetas da Feira e pela Companhia Marimbondo e a realizar nos dois dias do certame, na concha acústica do Palácio de Cristal.

No dia 1 de setembro, há “Ritual Late Night”, das 02h00 às 06h00. Com um custo de bilhete de 3,5 euros, a festa de encerramento no Hard Club conta com a atuação dos DJ One, Ace (dos Mind da Gap), Slimctuz e Nuno Forte.

20 anos para todos os estilos

Em janeiro de 1991 nascia a ‘Revista Ritual’, criada por um grupo de “editores, jornalistas, realizadores de rádio e, claro, músicos” (in editorial do n.º1), com o objetivo de divulgar e promover a música moderna portuguesa que, na época, revelava “sintomas sérios de crise”.

Esse grupo organizou, em 1992, a primeira edição de um festival a que deu o nome de “Noites Ritual” e que até aos dias de hoje tem conseguido manter a tradição de fechar a época dos Festivais de Verão.

O festival portuense tem como marca um critério muito próprio de escolha de bandas. Desde o metal até à música pop, as vinte edições de Noites Ritual já receberam todos os estilos de música, fazendo jus ao lema de “música e diversidade” que lhe está associado, sendo também conhecido por apostar em bandas portuguesas emergentes.

A primeira edição realizou-se no Molhe/Foz do Douro sendo que, no ano seguinte, foi transferido para o Palácio de Cristal. Em 1994, os Ornatos Violeta foram um dos nomes do cartaz do Noites Ritual. Dois anos volvidos, era a vez dos Cool Hipnoise e dos Tarântula subirem ao palco.

A edição de 1998 foi uma das mais recheadas. Na programação estavam nomes como os Mind da Gap, Clã, os repetentes Ornatos Violeta e Blind Zero. Um ano depois, era a vez dos The Gift e dos Mão Morta se apresentarem ao público.

Nos anos seguintes, foram muitas as bandas portuguesas que figuraram nos cartazes: Dealema e Sam the Kid (2000), Mesa (2002), EZSpecial e Terrakota (2003), The Legendary Tigerman e X-Wife (2004), Mercado Negro, Slimmy e David Fonseca (em 2007), Rita Redshoes, Linda Martini e Buraka Som Sistema (2008) e, mais recentemente, Deolinda, em 2009, Diabo na Cruz (em 2010) e Orelha Negra, no ano passado.