Quatro artistas franceses intitulam-se de “produtores de um artista maior, e que não existe realmente, de seu nome José Pinheira”. Criaram-lhe, até, um Diário de Bordo, onde é possível saber pormenores de sua casa.

“Na Casa de José Pinheira, a prática da coleção não corresponde a uma ambição enciclopédica, mas sim antológica”, pode ler-se no Diário. José Pinheira, “o último alquimista”, procura “isolar a ‘essência’ dos objetos”. “A fotocópia é, para ele, uma forma de as lavar ou, melhor, de ‘revelar’ a sua forma secreta, e trazer à luz as correspondências ocultas que as animam.”

Em “Pobre, Pobre José”, que vai estar no Maus Hábitos, no Porto, a partir de sábado, 8 de setembro, o visitante “vai descobrir vestígios documentais da vida de José Pinheira e uma reconstrução fiel da ‘máquina’, que ele chamou de ‘Oraclo’ ou ‘Impressora’ que com ele se fechou dias e dias na tentativa de penetrar, através de suas respostas enigmáticas, os segredos obscuros do mundo, tal qua los homens o reconstruíram”, diz Samuel Cerdan-Cogitore, curador da exposição.

Uma fotografia não é suficiente para José Pinheira. “É preciso fotocopiar as coisas da mesma maneira que podemos fotocopiar os livros. Procurar os objetos no Google, depois disso, na realidade”, escreveu o inexistente José Pinheira.

O Google, que para o artista significa “grande rebanho revelador”, e a sua “placa de resultados das imagens”, é como uma placa de borboletas: “borboletas mortas e limpas, logo legíveis”.

O que José Pinheira faz, à escala da Internet, deverá poder fazê-lo “constantemente e por todo o lado”. Os vários peixes repetidos ou os retratos a olhar para a câmara vão estar, até 14 de outubro, nas paredes do Maus Hábitos – Espaço de Intervenção Cultural.