No Porto, a avenida dos Aliados foi o ponto de encontro para os milhares de manifestantes que contestavam as novas medidas de austeridade lançadas pelo governo.

Pouco passava das 17h00 quando a marcha teve início na avenida, passando posteriormente pelas ruas Sá da Bandeira, Fernandes Tomás e Trindade, terminando junto à Câmara Municipal do Porto.

O povo havia saído à rua e o barulho era ensurdecedor. Afinal, era a uma só voz que a multidão se fazia ouvir com um único objetivo: lutar contra uma situação que consideravam “injusta e errada”.

Cânticos como “O Povo unido jamais será vencido” e “A luta continua, Passos para a rua” foram os gritos de revolta mais ouvidos durante o percurso.

Com cartazes, bandeiras ou simples camisolas, todos quiseram mostrar a sua indignação perante a situação do país. Um desses casos é o de Sérgio Moreira que, ostentando um cartaz com a mensagem “Rua Troika”, refere que esta manifestação serviu para o “início de uma mudança do poder” contra medidas que considera “erradas e despropositadas”.

Outra das pessoas discordantes com as medidas do governo era Tiago Campos, um jovem que viu nesta manifestação uma oportunidade para uma “solução melhor para o país, onde se deve dar mais dinheiro aos pobres e menos aos ricos”, contribuindo assim para “renovar a estrutura política”.

“Temam o povo!”

Em frente à Câmara Municipal do Porto, vários foram os que aproveitaram a oportunidade para dar a sua opinião sobre a situação do país. Das críticas ao governo passando pelo desemprego que afeta os jovens, vários foram os pontos comuns dos discursos proferidos pelos manifestantes.

Em tom crítico e inflamado, Jorge Ferreira foi apenas um dos muitos manifestantes que exprimiram a sua revolta em voz alta perante a multidão. O estudante universitário refere que este governo está “a arcar problemas de governos passados” e que Passos Coelho está a ser “comandado pela Troika”.

Já dizia Zeca Afonso, anunciando a revolta dos cravos de 74, em “Grândola Vila Morena”, que “O Povo é quem mais ordena”. Ester Costa, de cravo na mão a subir a avenida, refere que é tempo de “fazer um novo 25 de Abril” e de parar um governo que “está a afundar o país”, aponta.

Adriano Campos, membro da comissão organizadora da manifestação, falou ao JPN: “Esta foi uma manifestação marcada em agosto e que ganhou uma dimensão muito grande com as declarações de Passos Coelho da última sexta-feira. Esta é a unificação de uma bandeira clara, a de fazer frente ao governo e à Troika. Esta é a maior e mais clara manifestação, pois temos um inimigo identificado e é altura de dizer não à Troika”.

Mas não foram apenas desconhecidos os que participaram nesta manifestação. Pedro Abrunhosa, músico portuense, fez também questão de estar presente naquele que foi um dos maiores protestos realizados na cidade, a par de Francisco Louçã.