Milan Rados Radenovic nasceu na Bósnia-Herzegovina, antiga Jugoslávia, em 1951. Aos quatro anos mudou-se para a Cróacia e, aquando da entrada para o ensino superior, enveredou pela licenciatura em Língua Servo-Croata e Literatura Jugoslava, na Universidade de Zagreb.

Homem de letras

Além do dicionário Sérvio-Croata / Português, editado em 1997, Milan Rados lançou, dois anos mais tarde, a obra “Quem matou a Jugoslávia”, que explica o conflito nos Balcãs. Em 2003, foi publicado “A Política Externa da União Europeia”. A última publicação remonta a junho de 2008, com o nome “Mundo e Comunicação: uma história política contemporânea”. Encontrava-se, há três anos, a preparar um novo livro, sobre relações externas e os principais atores da política internacional.

Terminada a licenciatura, o desejo de ser professor foi travado pela crise económica que se fazia sentir. Desempregado, recebeu um convite para colaboração numa rádio local, que o levou aos meandros desconhecidos do jornalismo. Passados cinco anos de aprendizagem da profissão e de política – que Milan Rados confessava não perceber no início -, foi admitido na Rádio Televisão Zagreb.

Aos 30 anos, tomou a decisão de se especializar: um mestrado em Relações Internacionais e o estudo do português. O fim do mestrado coincide com um período problemático na história europeia e dramático da sua vida pessoal – tensões na Jugoslávia e a guerra na Croácia. Sem emprego e perspectivas de trabalho, fugiu para Portugal, deixando para trás a família. É em terras de Camões e no Instituto com o mesmo nome que recebe uma bolsa para a criação de um dicionário Sérvio-Croata / Português, que viria a ser editado em 1997.

A partir dessa altura, inicia-se o percurso de Milan Rados no jornalismo português , como editor de política internacional no jornal “Primeiro de Janeiro”, e no ensino, enquanto docente na Escola Superior de Jornalismo e no curso de Ciências de Comunicação da Universidade do Porto.

Milan Rados acreditava que “o conhecimento é a única felicidade garantida”. Faleceu este sábado aos 61 anos, na Corunha, em Espanha, vítima de doença prolongada.