As primeiras vozes ouviram-se, por volta das 20h00, na praça Gomes Teixeira (aos Leões). “Acordai” foi o apelo mais ouvido, durante uma noite em que músicos e amadores se juntaram numa só voz. Distribuíram-se folhas com a letra, para que todos os que se quisessem juntar.

“O meu lugar é Portugal. É em Portugal que eu quero cantar e trabalhar”, disse ao JPN Ana Maria Pinto, responsável pelo evento no Porto. Para a soprano, o poder da palavra cantada é tremendo. “Acordai é um apelo à consciência e através da palavra cantada, estamos unidos”, rematou. Acrescentou ainda que atravessamos uma crise de valores e que “a verdade é o farol que falta a Portugal”.

Para o maestro António Saiote, um coro ou uma orquestra que funcionem são “a imagem da sociedade perfeita”. Em declarações ao JPN, referiu os cortes na cultura como preocupantes: “Querem-nos transformar em números e, a partir daí, a cultura chateia”.

À iniciativa juntou-se ainda o grupo de percussão Re-timbrar. As vozes ecoaram pelas ruas por onde passaram e despertaram a atenção de turistas e locais.

Ana Ulisses juntou-se a este coro de forma espontânea e aprova a iniciativa. “O tema é intemporal e dedicado ao povo”, para que não deixe de lutar pelos seus direitos. Sérgio Martins, cantor e maestro, disse emocionado que “os portugueses andam a dormir há muito tempo”, sublinhando a importância da iniciativa. “O país está mal e a cultura está pior ainda”, confessou. “É uma energia ótima, não tinha expectativas de nada. É muito bonito o que está a acontecer”, disse Ana Maria Pinto, em frente à Câmara Municipal do Porto, o último palco desta noite. O poema ouviu-se também na Cordoaria, na praça da Liberdade e na praça D. João I, com forte proteção policial.