Os estudos internacionais já apontavam para números preocupantes: tanto na Europa como nos Estados Unidos (EUA), os índices de violência sexual feminina rondam os 30% e cerca de 75% a 90% destas vítimas não denunciaram os crimes. Agora, também em Portugal é preciso tomar medidas.

Um estudo recente de Sónia Martins, da Universidade do Minho, tentou perceber o índice de prevalência da violência sexual entre jovens universitários. Os resultados foram agora divulgados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV): cerca de 29% dos participantes já sofreram pelo menos um ato sexual não consentido. Neste caso, as mulheres são as vítimas mais frequentes. A incidência aponta para 60% das vítimas do sexo feminino e 40% do sexo masculino.

APAV fala de excessos nas festividades académicas

Em comunicado, a APAV justifica estes números com “a desvalorização do sexo forçado nas relações de intimidade, os consumos de bebidas alcoólicas e outras substâncias aliado a excessos usuais nas festividades académicas”. Muitas vezes, as vítimas “nem sequer percecionam estes atos como crime”, refere a associação.

A situação não deixa de ser preocupante e por isso, a associação lançou uma nova campanha, no âmbito do projeto Unisexo. “Depois do não, pára! Respeita a vontade dos outros” é o mote do alerta, que pretende sensibilizar os jovens do ensino superior para a prevenção da violência sexual, “focando especificamente as relações ocasionais e de namoro estabelecidas pelos estudantes universitários”. O objetivo principal é que as vítimas denunciem os casos.

Já em 2009, Sónia Martins tinha levado a cabo outro estudo na área. “A Violência nas relações de intimidade : comportamentos e atitudes dos jovens” explorou uma amostra de quase 5 mil jovens, com idades entre os 13 e os 29 anos, que frequentassem o ensino secundário, o ensino profissional ou o ensino universitário.

A investigadora chegou à conclusão de que mais de 25% dos inquiridos teria sido abusado por um parceiro no último ano, sendo que quase 20% falava de um abuso emocional e 13% de violência física. Nessa altura, os jovens universitários inquiridos, provenientes de oito universidades portuguesas, representavam mais de 45% da amostra do trabalho de investigação.