O TRAMA – Festival de Artes Performativas nasceu em 2006 para “mexer com o Porto” e com o objetivo de se tornar uma iniciativa anual. O objetivo foi conseguido, mas durou apenas seis anos. Nesta que seria a 7.ª edição, o TRAMA desapareceu do mapa cultural da cidade.
Ao JPN, a Fundação de Serralves diz que, este ano, o TRAMA já não volta. “A conjuntura e a situação financeira atual” levaram Serralves “a rever a programação”, explicou Sandra Olim. Foi uma decisão “prudente” e “recomendável” excluir espetáculos que não estivessem “comprometidos” ou já alinhados – foi o caso do festival de Artes Performativas.
Mas ninguém esquece as performances que o TRAMA ofereceu ao Porto ao longo destes últimos seis anos. Na primeira edição, fica a memória de um coro de 20 filandeses gritantes e a banda que criou o “primeiro registo de world music”. Depois disso, o TRAMA cativou o Porto e garantiu a segunda edição. Em 2007, voltou mais confiante, com mais criadores nacionais e mais parceiros. A irreverência continuou a estar presente, com Mathieu Delvaux e a sua “orquestra electroacústica” composta por oito carros “tuning” ou com os Lone Twin, que dançaram 12 horas consecutivas.
Irreverência e experimentação foram transversais a todas as edições do festival
Nos primeiros anos, a programação do TRAMA esteve atribuída a Serralves, à Casa da Música, à produtora Lado B, ao brrr_Live Art e aos independentes Matéria Prima. Em 2008, a Casa da Música já não fazia parte do grupo, mas o TRAMA regressou ao Porto. Na bagagem trouxe Silverio, o furacão mexicano, “a apresentação em powerpoint mais longa do mundo” e uma parada de Brancas de Neve, que invadiu as ruas da cidade.
Em 2009, o TRAMA prometeu continuar “a descobrir a cidade”, mantendo sempre “a linha experimental”, que lhe garantiu “novos públicos”. Nessa edição, no entanto, o TRAMA não saiu à rua – preferiu submergir ópera nas piscinas do Fluvial, no espetáculo de Juliana Snapper. Houve ainda tempo para uma coreografia de balões de hélio ao ritmo de sons eletrónicos e para escutar manuais sobre como chorar ou subir escadas.
Em 2010, o festival começou com “Furlan/numero 8”, em que o artista Massimo Furlan reconstituiu todos os passos de Madjer durante o jogo em que o Porto se sagrou campeão contra o Bayern de Munique, incluindo o toque de calcanhar do argentino. Três dias depois terminou com “BumBumBox” a dar música à Praça dos Poveiros.
Serralves garante que o TRAMA poderá “voltar em breve”
2011 foi a última edição, sem se saber que o seria. Contou com mais cinema, mais arte sonora, mais dança, mais teatro e o espetáculo “Vinyl Rally“, uma pista de rally improvisada, feita de discos em vinil. Já a dupla de “Radio 78” deu música ao Porto, ao vaguear com uma grafonola portátil “numa espécie de jam sessions”.
Sem querer, o Porto despediu-se do TRAMA. Daqui a um ano, talvez dois, pode ser que o TRAMA volte. A Fundação de Serralves garante que “será em breve”.