O debate “Jornalismo e democracia: A situação da Comunicação Social em Portugal” foi convocado no âmbito das greves da Agência Lusa e Jornal Público e uniu jornalistas e todos os que quiseram estar presentes no anfiteatro do UPTEC, no Porto. “O jornalismo é o principal pilar da democracia” foi o mote do encontro.

Os jornalistas Luís Loureiro (RTP), Pedro Cruz (SIC), José Alberto Lemos, (RTPN) e os docentes Helena Lima e Manuel Loff foram os oradores convidados. Na ordem do dia estão os cortes de que foram alvo os dois orgãos de comunicação social, que implicam despedimentos coletivos e um jornalismo cada vez mais degradado.

Manuel Loff, o primeiro convidado a ter a palavra diz, diz que os jornalistas estão a ser “confrontados com a precariedade”, o que deteriora a sua liberdade e se reflecte na degradação do liberalismo. Luís Loureiro acrescentou ainda que a fragilidade económica revelou a “matriz social das notícias” e rebaixou os cidadãos ao estatuto de consumidores.

“A informação não se produz de borla”

José Alberto Lemos refere, no entanto, que apesar da crise conjuntural em Portugal, o trabalho jornalístico tem que ser feito com qualidade. Sublinha ainda que é necessário que os meios de comunicação sejam rentáveis porque “a informação não se produz de borla”. Pedro Cruz vai mais longe e culpa os jornalistas, que “nunca agiram como uma classe”, não têm ordem e são suportados apenas por um sindicato. Quando se refere à conjuntura atual, o jornalista da SIC Porto não tem dúvidas: “deixámos que eles nos pusessem a pata em cima”.

Helena Lima foi quem mais destaque deu ao jornalismo online, mas acredita este “não é responsável pelo desaparecimento do papel”. A temática foi bastante discutida pelos intervenientes que chegaram à conclusão que o novo meio “não traz nada de novo” e se transformou num “jornalismo de secretária” quase exclusivamente suportado pela Lusa.

Quando foi dada palavra à audiência, foi lembrado que “foi preciso chegar a um extremo” para se discutir o futuro do jornalismo em Portugal e que é preciso os jornalistas estarem “cientes que a sociedade mudou”, que a imprensa escrita está a perder leitores em prol do ciberjornalismo e que são urgentes soluções para os próximo anos.