A greve foi convocada e os jornalistas aderiram. Hoje, os trabalhadores do jornal Público saíram à rua em protesto contra o despedimento coletivo de 48 pessoas, anunciado pela Sonaecom, que visa um corte de 3,5 milhões de euros. A empresa justificou o corte com “os severos impactos da actual crise económica, quer nas receitas de circulação, quer nas receitas de publicidade”, mas a moção apresentada pelos trabalhadores afirma que “este despedimento inviabiliza a continuidade do Público enquanto órgão de comunicação social de referência”. A greve foi decidida em plenário de trabalhadores e convocada pelo Sindicato de Jornalistas.

Os jornalistas do Público uniram-se assim aos trabalhadores da Agência Lusa, que estão em greve desde a meia noite de quinta-feira e que se prevê que continue até ao final de domingo.

No Porto, está a decorrer, até às 13h00, o debate “Jornalismo e Democracia: A Situação da Comunicação Social em Portugal”, no edíficio do UPTEC. Luís Miguel Loureiro, da Universidade do Minho e da RTP, Manuel Loff, historiador e docente da FLUP e o antigo director do jornal, José Alberto Lemos são alguns dos convidados. Pretende-se que esta seja “uma conversa aberta a todos os interessados“ e não apenas aos trabalhadores dos orgãos de comunicação social. Também esta manhã, em Lisboa, os jornalistas concentram-se frente à Assembleia da República, para depois seguirem em protesto até à sede do Público.

O despedimento coletivo levou os ainda ao lançamento da petição “Em defesa da manutenção da qualidade do jornal Público e dos profissionais que fazem dele um jornal de referência nacional“, que será entregue hoje nas instalações da Sonae no Porto.

Imprensa mundial também vive momentos conturbados

Nos últimos dias, nem só em Portugal a imprensa vive momentos conturbados. Esta quinta-feira a Newsweek, revista norte-americana que se encontra há 80 anos nas bancas, anunciou o encerramento das edições impressas. A partir do próximo ano, a revista estará disponível exclusivamente em formato digital.

Também a comissão de trabalhadores do jornal espanhol El Pais anunciou esta semana uma greve de nove dias para contestar o plano de restruturação proposto pela administração do diário. Estão em causa os postos de trabalho de quase 500 funcionários.

O Telegraph anunciou ainda que o jornal britânico The Guardian estaria a considerar terminar a edição impressa. A notícia saiu depois do The Guardian ter contratado o primeiro diretor de estratégia digital.