O Mestrado Integrado, resultado de uma parceria da Universidade de Aveiro (UA) com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto (UP), começou no ano letivo de 2011/2012, mas ainda não foi acreditado. A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), a quem cabe a avaliação e acreditação das instituições de Ensino Superior não deu luz verde ao mestrado devido, alegadamente, ao facto da UP não ter cumprido o acordado no âmbito da parceria para a implementação do curso.

“De facto, o consórcio não funcionou e a Universidade do Porto não cumpriu o acordado, porque o diretor do Instituto não honrou os compromissos assumidos”, disse Manuel Assunção à Lusa. No entanto, mantém a aposta no curso e recusa-se a desistir. Em declarações ao Diário de Aveiro, Manuel Assunção, reitor da Universidade, garante que a instituição já procura um novo parceiro para levar a cabo um novo processo de avaliação e acreditação do curso. “A Universidade vai procurar estabelecer um novo consórcio que dê garantias e que procure responder à formação avançada de estudantes de medicina já graduados”, garante.

Mestrado em Medicina da Universidade de Aveiro não gera consenso

Ainda assim, a A3ES não é a única a ir contra o curso da universidade aveirense. Ao P3, no final do ano passado, José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, catalogou a criação do curso como “absolutamente inaceitável e incompreensível”. Acusou ainda de ser “uma decisão meramente política” e “muito despesista” para o Estado.

Agora, é a vez da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) se insurgir. Em comunicado, a Associação pede “o encerramento urgente do Curso de Medicina da UA e a integração dos 38 estudantes desta Universidade noutras Escolas Médicas”, já que acredita que “todo o processo de criação e funcionamento do Mestrado está envolto em incongruências e incertezas que se refletem na qualidade do curso”. Uma qualidade que acreditam ter sido posta em causa quando a parceria não com o ICBAS foi levada a cabo – situação agravada com a avaliação da A3ES, cuja Comissão de Avaliação Externa, constituída por peritos internacionais, recomenda mesmo a descontinuação do curso de Medicina na UA.

Manuel Assunção salienta, no entanto, o nível de exigência que a Universidade de Aveiro colocou no curso e no próprio processo de recrutamento: foram selecionados apenas 40 alunos entre mil candidatos, que ainda tiveram de passar por vários testes científicos.