A notícia foi avançada esta terça-feira pelo jornal “Público”, a partir de dados do Eurostat que dizem respeito ao ano passado. No meio de todos os dados apresentados, aqueles que dizem respeito ao grupo etário entre os 15 e os 29 anos (constituído por 94 milhões de jovens europeus) são os que mais sobressaem.

Aliado a isto, é dado especial destaque a uma sigla: “NEET”. Estas letras significam “Not in Employment, Education or Training”. Ou seja, referem-se a todas as pessoas inativas, que não estão empregadas, a estudar ou a receber formação. No conjunto dos países da União Europeia, em 2011, cerca de 14 milhões de jovens daquele grupo etário estavam nessa condição. Portugal contribuiu com 260.392 pessoas para esse número.

“De uma forma ou de outra, estamos sempre a falar de capacidade produtiva associada ao fator humano, que está inerte”, diz ao JPN, Pedro Gil, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). A estimativa do Eurostat calcula que a não produção de qualquer ativo por parte desse número de pessoas prejudica o país em 2.680 milhões de euros por ano.

NEET

NEET significa “Not in Employment, Education or Training” e refere-se às pessoas inativas, que não estão empregadas, a estudar ou a receber formação

Inativos involuntários

“É um conjunto de jovens geralmente mais qualificado do que a geração anterior, mas que não encontra inserção no mercado de trabalho. Por conseguinte, vai vivendo entre tempos de lazer – forçado ou voluntário – e tempos de trabalho precário e incerto”, refere João Teixeira Lopes, sociólogo e professor da Universidade do Porto.

No fundo, não é apenas o país que sofre com este desaproveitamento de capacidades: “Ao não conseguirem inserirem-se num projeto, têm grandes dificuldades em possuir uma identidade, ou seja, poderão ser jovens com problemas de socialização. Para as famílias, poderão ser também um encargo, e isto coloca em causa a solidariedade entre gerações”, analisa o sociólogo.

Entre junho de 2011 e junho de 2012, emigraram cerca de 65 mil jovens portugueses. Será também essa a solução mais benéfica para que Portugal e os jovens em questão deixem de sofrer as consequências do “caso NEET”? “É importante que quando as pessoas terminam a sua formação, entrem no mercado de trabalho, para que ela não entre em depreciação. Deste ponto de vista – e não, evidentemente, do ponto de vista emocional -, o melhor a fazer seria emigrarem para locais onde tivessem a garantia ou uma maior probabilidade de serem empregadas”, afirma o economista Pedro Gil.

Todavia, aquele que à partida seria um alívio para o país, no futuro poderia constituir um dilema: “O desafio, mais tarde, seria o de Portugal tornar-se suficientemente atrativo para recuperar todas estas pessoas qualificadas que formou”, conclui.