A Associação Nacional de Investigação em Cancro, sediada no Porto e afiliada da Associação Europeia para o mesmo fim (EACR – European Association for Cancer Research) foi lançada esta segunda-feira. Foi no âmbito desta inauguração que Sobrinho Simões, investigador e diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) garantiu que “não vai faltar dinheiro para a investigação nesta área”, já que prevê que, “daqui a dez anos, um em cada dois portugueses” terá, pelo menos, um cancro.

“A indústria farmacêutica sabe também que isto é uma área extraordinária do ponto de vista económico, porque se metade da população tem cancro e se os tratamentos não são baratos isso é um estímulo para eles. Portanto, eu acredito que vai haver dinheiro. Estou com medo, mas acredito”, explicou o investigador aos jornalistas.

Associação de Investigação em Cancro pode “não funcionar”

Esta associação vem permitir “um espaço de discussão interdisciplinar das pessoas que trabalham em cancro” e “ocupar um espaço que estranhamente continua vazio em Portugal”, já que até agora era um dos raros países europeus sem qualquer estrutura deste tipo.

Ainda assim, mesmo que esta seja “a coisa mais importante que aconteceu em Portugal nos últimos anos em termos de investigação em cancro”, Sobrinho Simões receia que “não funcione”. “Nós, em Portugal, somos muito bons a fazer os eventos e depois não somos tão bons a manter e a sustentar. É uma responsabilidade horrorosa”, sublinha o investigador, que foi também responsável pela criação da nova associação.

Não deixa no entanto de referir que a saúde em Portugal “tem condições excecionais para reter os investigadores”, já que “no domínio da investigação há condições tão boas para oferecer aos investigadores como qualquer país europeu da nossa dimensão”.

A associação vai ainda contribuir para o conhecimento e divulgação da investigação feita em Portugal, e funciona já a partir do próximo ano.