A Kuk Sool Won nasceu na Coreia do Sul e tem um nome complicado, mas é a explicação é bem simples: é uma arte marcial tradicional que se distingue das artes marciais desportivas, como o judo e o kung fu, pela sua dimensão espiritual. O mais importante é a formação integral dos praticantes e o espírito de competição não é incentivado.

Agora, o mestre Vítor Duarte trouxe a modalidade a Portugal. Desde setembro que é o responsável pela primeira escola portuguesa dedicada à arte marcial, a funcionar em Matosinhos. Foi um processo de implementação difícil e um longo caminho percorrido: além da falta de apoios, Vítor Duarte diz que “o povo português não é muito dado às artes marciais”, muito devido à falta de informação.

História

A fundação da Kuk Sool Won (em português, Arte Marcial Tradicional Coreana) coube ao Grão Mestre In Hyuk Suh, em 1958. Apesar de ter mais de meia década, ainda é desconhecida por muitos mas, essencialmente, provém de três estilos das artes marciais: o Sah Doh Mu Sool (Artes Marciais Tribais), o Bool Kyo Musool (Artes Marciais Budistas) e o Koong Joong Mu Sool (Artes Marciais da Corte Real).

O Kuk Sool Won, como explicou o mestre ao JPN, “além de capacitar as pessoas de sistemas de autodefesa, contribui na formação integral das pessoas – e essa é a sua maior característica”. A prática contínua e dedicada desta arte marcial possibilita às pessoas um maior auto-conhecimento, melhorando “a relação connosco próprios e com os outros”, garante o professor.

“Sinto-me mais capaz de tomar as decisões do dia-a-dia”

Paulo, praticante de Kuk Sool Won há quatro anos, revela sentir já grandes diferenças “não só ao nível físico mas, e sobretudo, ao nível espiritual”. Permite-lhe “uma maior concentração e uma maior disciplina”. Já Luís, estudante de Engenharia do Ambiente na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, diz que a prática do Kuk Sool Won provocou alterações positivas na sua vida pessoal. “Sobretudo na minha autodisciplina horária”, garante. O estudante universitário fala ainda da forma como a arte marcial influencia o seu bem estar: “Sinto-me mais sereno e bem-disposto, mais capaz de tomar as decisões do dia-a-dia”, conta.

A prática desta arte marcial pode iniciar-se aos seis anos e não tem limite máximo de idade. A nível pedagógico, divide-se em três fases: dos seis aos doze, dos doze aos dezoito e dos dezoito anos em diante, sendo que a metodologia de ensino de cada fase é adaptada às respetivas idades.