Foi o gosto pela arte e a vontade de ter um espaço que permitisse uma interligação entre as artes plásticas, instalações e exposições de fotografias que fez com Ana Maria Abrantes, licenciada em Filologia Românica pela Universidade do Porto abrisse, há um ano, uma galeria cultural. A Porto Oriental é agora uma habitação de 1904 recuperada e ampliada pelo arquiteto Óscar da Silva Lopes.

O objetivo é não só dar destaque a artistas plásticos já consagrados, mas também a jovens que estão a iniciar a carreira mas que mostram vontade em trabalhar. Foi assim que surgiu a oportunidade de Susana Ribeiro expor o seu trabalho. A artista é licenciada Artes Plásticas – Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e chegou a ter a sua própria galeria, a Átomo, durante cinco anos. Acabou por encerrar por falta de disponibilidade da artista.

Perfil de Susana Ribeiro

Iniciou o seu percurso profissional em 1999, frequenta o 2º ano do Mestrado em Pintura na FBAUP. Para além de Portugal, já expôs na Alemanha, no Reino Unido, na Suíça e em Espanha.

Agora, apresenta “Bubbles”, um trabalho que tem uma ligação direta com o mestrado que está a fazer em Pintura, também na FBAUP. “Tem uma ligação com o meu mestrado porque a investigação que estou a desenvolver está relacionada com a cor e com a sua interação com o ser Humano”, diz ao JPN.

Feita com base nas memórias pessoais da artista plástica, a exposição Bubbles é composta por trabalhos de pintura, de instalação e vídeo. Sendo a cor um dos elementos fundamentais desta exposição, é ela a base da mensagem que Susana Ribeiro quer passar.

Serpentes e Barbies numa exposição muito heterogénea

A cor é um dos elementos fundamentais desta instalação, mas os trabalhos são muito diferentes: desde os que exprimem a ligação com a natureza, como é o caso de “Nature Matters“, – uma instalação que foi apresentada pela primeira vez na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – às experiências com a boneca Barbie.

A “Barbie é a minha religião”, garante Susana. Depois de ter começado a trabalhar com as bonecas em 2001, usa-as em todas as suas instalações. “Come To Me”, é um dos exemplos: “um trabalho que pode ser muito amado ou não” e que traduz a forma como a artista venera a boneca. “Ela é um elemento integrante na minha obra”, acrescenta. “Tento fazer com que as pessoas se lembrem da sua criança interior e façam uma viagem ao passado, à infância”, conclui.

A paixão pela serpente também se reflete nas obras da artista. “Serpente” foi inclusive o seu primeiro trabalho, feito em 2000. Já “Serpente II” é “outra interpretação da serpente” e um trabalho manual que foi feito durante cerca de quatro meses. “Tem uma ligação direta com o nome. É revestido com duas mil e quinhentas escamas”, diz Susana Ribeiro.

Na pintura, o destaque é para o trabalho “Dollhouse” que recria os interiores de casa de boneca dos anos 70. “Esta pintura está intimamente ligada ao meu projeto da cor”, comenta a artista plástica. Reconhece ainda que “a interação da cor com o ser Humano é muito mais imediata na pintura”.

Até ao momento “tem havido muito público a visitar a exposição” o que leva Susana Ribeiro a achar que “o feedback tem sido muito positivo”. A exposição está patente na Galeria Porto Oriental até 30 de novembro e a entrada é gratuita.