Nuno Ferreira, licenciado em Economia pelo ISEG e mestre em Economia Monetária e Financeira, aproveitou em pleno tudo o que a vida universitária oferece. Foi a todas as festas, praticava desporto, foi dirigente da associação de estudantes e chegou a faltar às aulas para ir para a praia. Quanto às notas, nem vale a pena falar disso: “Fui convidado para ser professor, atividade que mantenho há 10 anos. Acho que está explicado”.

É precisamente a experiência universitária de Nuno Ferreira e de Bruno Caldeira, co-autor, que o livro “Faz o Curso na Maior” relata, ao mesmo tempo que oferece dicas de como fazer um plano de estudos, de como aproveitar melhor o tempo e de como interiorizar conceitos. O objetivo é ajudar os alunos portugueses a conciliar os estudos com tudo o resto. É basicamente o que “todos os licenciados sabem, mas só o sabem depois de tirarem o curso”, explica Nuno. Mas atenção: “este livro não é uma receita de culinária”, alerta o autor. Cada aluno tem de adaptar o conteúdo do livro ao seu caso.

A geração a quem é dirigido é mais competitiva do que a anterior e por isso, Nuno teve a preocupação de inserir algumas dicas fundamentais sobre o tema: para Nuno, ser competitivo é uma virtude, mas não na faculdade. Durante a Universidade há que existir cooperação entre os estudantes, partilha de apontamentos, de cadernos e a vivência de um espírito de entreajuda, que o autor também viveu enquanto aluno.

Não são permitidos copianços e cábulas… muito menos

Mas “fazer o curso na maior” não significa copiar nos testes porque isso “é fazer batota”, assim como é sinónimo de usar cábulas. De facto, as cábulas são ferramentas de estudo e auxiliares de memória, mas “quanto ao uso no exame, toda a gente sabe que é fraude e, como é óbvio, não aconselho. Cábulas no estudo sim. No exame não”, explica o autor do livro.

Quanto a avaliações, Nuno garante que o livro não teve nota negativa. Quanto a professores, uns compreenderam a mensagem, outros gostaram e alguns reprovaram a obra por terem uma visão diferente da de Nuno e de Bruno Caldeira. Quanto aos pais, a opinião geral foi bastante positiva. “Alguns dizem que é uma forma de compreenderem as escolhas dos filhos. Outros dizem que o meu caso e o do Bruno servem de inspiração para eles e para os filhos”, conta Nuno. Mas que fique bem claro: esta não é uma forma de se olhar despreocupadamente para os estudos, “o objetivo do livro é que os alunos aproveitem o seu tempo da melhor forma e aproveitem atividades enriquecedoras que a vida universitária oferece”, até porque “Ir às aulas só por ir é que parece ridículo. Os alunos só devem ir às aulas para aprender, e sabemos que a universidade está cheia de más aulas dadas por maus professores”, diz Nuno.

O que os universitários pensam

Os estudantes sabem melhor do que ninguém o que é preciso para tirar um curso “na maior”. Vida social e boas notas traduzem-se em alguns sacrifícios, segundo os universitários do Porto. Luísa Queirós, estudante da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), diz que “é essencial um equilíbrio entre a vida social e o estudo. Temos que aproveitar o que esta cidade tem para nos dar mas também não nos podemos esquecer daquilo que nos trouxe aqui”, explica.

“É algo de que necessito, não só para o meu sucesso académico, mas também para o meu bem estar”, explica, ao JPN, Simão Neto, estudante da Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo (ESMAE). Já Joana Tomaz, aluna da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), acrescenta: “a vida social transforma a faculdade em algo mais do que o sítio onde estudo. Muito do que aprendemos vem de erros ou experiências de colegas. No fundo estar ativo na vida da faculdade é o que te permite estudar”.

E ir às aulas é ou não essencial para tirar o curso?

Quanto à frequência das aulas, Pedro Sá, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), diz que não há só o preto e o branco: “Quando há obrigatoriedade mínima de presenças, ou assinam por ti então é mesmo essencial cumprires esse limite. Quanto às cadeiras exclusivamente teóricas, não é essencial para tirar o curso, mas pode ser mais fácil. Tudo depende do professor, do aluno e da informação disponível sobre os assuntos da unidade curricular”, explica. Assim, a dedicação acontece como o Processo de Bolonha propõe: muitas horas fora da faculdade dedicadas ao curso. “Muitas, mesmo assim não tantas como deviam ser… Vou arriscar 10 horas, sem contar com fim de semana”, garante Joana Tomaz.