A AMO Portugal não é inexperiente neste tipo de iniciativas. Já a 20 de Março de 2010 “limparam” o país com a ajuda de 100 mil voluntários de Norte a Sul. Este ano, a associação quer protagonizar uma reflorestação massiva de espécies autóctones a 24 de Novembro.

Carlos Evaristo, vice- presidente da organização ambiental, explica que esta iniciativa não é somente uma resposta aos incêndios que invadiram portugal na última década, é também uma tentativa de minorar os impactos da poluição atmosférica e da plantação de eucaliptos e pinheiros. O principal objectivo é defender a floresta originária de portugal e preservar todos os ecossistemas relacionados.

A associação lança o desafio a todos os cidadãos e espera a adesão de 100 mil voluntários que ajudem a plantar mais de 100 mil árvores num só dia. No centro das atenções vão estar espécies indígenas portuguesas como o Carvalho Português, o Sobreiro e o Castanheiro, entre outras.

Como ajudar a “Florestar Portugal”

Quem quiser participar no “Florestar Portugal” pode encontrar o email de inscrição referente à sua residência no site da AMO Portugal

A AMO Portugal pretende assim assinalar a semana da Floresta Autóctone (de dia 19 a 25 de Novembro). Para além desta iniciativa , a 23 de Novembro vai ter lugar o projecto “Florestar na Escola”, que pretende plantar uma árvore autóctone em cada escola.

Carlos Evaristo afirma que a iniciativa conta com o apoio do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território. A Quercus é também uma das principais parceiras.

Floresta Autóctone: Investimento Ambiental e Económico

Dia 24, apenas as espécies autóctones interessam. Entre as 100 mil árvores que vão ser plantadas encontram-se somente espécies originárias de Portugal: Freixo, Azereiro, Azinheira, Medronheiro, Carvalho-negral, Carvalho-português, Castanheiro, Cerejeira, Carvalho-alvarinho, Amieiro, Sobreiro, Borrazeira-preta, Sabugueiro, Vidoeiro e Ulmeiro. Este conjunto de árvores adaptou-se ao longo dos últimos séculos ao clima e ao solo nacionais e desta forma tem múltiplos benefícios para a biosfera portuguesa, defende Paulo Magalhães, coordenador do projecto “Floresta Comum” da Quercus.

A flora tipicamente portuguesa tem sido explorada ao longo dos anos e substituída por árvores com crescimento mais rápido, como os pinheiros e os eucaliptos. O desaparecimento das espécies portuguesas tem-se sucedido desde os descobrimentos, explica Paulo Magalhães.

Incêndios em Portugal

O grande número de incêndios florestais nos últimos anos tem também reduzido a floresta autóctone. Este ano contam-se já 98mil hectares de floresta ardida. Entre 2001 e 2011 arderam em média 130mil hectares por ano segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)

Segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas(ICFN) referentes a 2010, os Eucaliptos e Pinheiros representam 54% da floresta total portuguesa. Árvores autóctones como Azinheiras (13%), Carvalhos (5%) e Castanheiros (1%) estão em minoria. O sobreiro (23%) é a única espécie que permanece numerosa no nosso país, essencialmente no Sul. Esta excepção deve-se à exploração da cortiça que não implica o derrube da árvore e continua economicamente rentável.

A falta de investimento na flora portuguesa justifica-se pelo seu lento crescimento. A nível económico é mais atractivo explorar árvores de crescimento mais rápido. No entanto, segundo o organizador da Floresta Comum, a transformação da paisagem florestal nacional compromete as reservas de água e a biodiversidade que depende das espécies autóctones.

A Quercus defende ainda que a plantação da flora portuguesa teria benefícios económicos a longo prazo. As espécies portuguesas são menos susceptíveis a incêndios e atrasariam a propagação das chamas. Neste âmbito o orçamento dos meios de combate aos fogos podia ser reduzido. A nível de exploração madeireira o mercado seria direccionado para as madeiras nobres, apostando mais na qualidade e menos na quantidade. Para além disso existiria um aumento dos recursos aquíferos em Portugal.