Há praticamente um ano atrás, começou a ser partilhado, nas redes sociais, um vídeo de um órgão de comunicação, que compilava algumas das maiores calinadas sobre cultura geral alguma vez proferidas por jovens universitários portugueses.

O desconhecimento das respostas certas a questões como “Quem escreveu os ‘Maias’?” ou “Quem é Manoel de Oliveira?” fez soar o sinal de alerta sobre o nível de cultura dos portugueses. Acima de tudo, cultura nacional, porque, na verdade, é mais grave dizer que Manoel de Oliveira é um maestro do que achar que a capital dos EUA é Nova Iorque. Ou não…

De uma forma ou de outra, e por coincidência ou não, esta sexta-feira vai ser lançado o “Quinto Império”, um jogo de tabuleiro fabricado em Portugal, sobre Portugal. “É daqueles temas de que, infelizmente, os jovens se afastam, e daquelas lacunas que, culturalmente, marcam de forma negativa o país”, diz ao JPN Francisco Lontro, “game-designer” do “Quinto Império” e um dos criadores da “pimpumplay“, a loja que comercializa o jogo.

Já a ideia original, partiu de David Mendes, professor de História, que sentiu necessidade de transmitir conhecimentos sobre o passado e o presente portugueses “de uma forma aliciante, sem parecer que estivesse a debitar matéria”.

Quinto Império

O jogo consiste numa espécie de viagem que o jogador é convidado a fazer pelo mundo (tabuleiro). Cada “casa” do jogo faz menção a influências, riquezas, locais e acontecimentos que, de alguma forma, marcaram a história de Portugal. Para amealhar pontos, o jogador tem de responder acertadamente a questões sobre esses assuntos e colecionar o ouro que daí vem, que permite comprar os monumentos portugueses mais emblemáticos, verdadeiros trunfos para vencer o jogo.

Jogar com Camões e ganhar “com uma perna às costas”

Desta forma, David partiu à descoberta de Portugal. Percorreu todos os museus e lugares históricos de norte a sul do país, para que a conceção do jogo fosse a mais fiel possível. Depois, passou essa informação a Francisco Lontro, que a transformou em matéria de jogo. Todo este processo demorou cerca de nove meses. Um parto normal, portanto.

O produto final é, segundo Lontro, uma espécie de mistura entre “Trivial Pursuit” e “Monopólio”, na medida em que alia perguntas de conhecimento a estratégia. Para percorrer o tabuleiro, o jogador tem quatro peões à escolha – Luis de Camões, Amália, D. Afonso Henriques e D. Maria II (apesar de terem sido considerados muitos outros) -, e, ao longo do caminho, vai tendo que respondonder a diversas perguntas.

“O jogo começa há 24 mil anos atrás, quando há registo dos primeiros povos a passar por território português, e termina com as últimas notícias, como, por exemplo, uma pergunta de 2011, sobre Portugal e o Fundo Monetário Internacional”, explica Francisco Lontro. “O nosso objetivo é que as pessoas tenham uma visão real da nossa história, com as coisas boas e com as coisas más”.

Ainda assim, uma coisa boa que salta vista em todo o processo é o facto de o “Quinto Império” ser um produto 100% português: “Design, ‘game-design’, perguntas, revisão, impressão…tudo ‘made in Portugal’. Até os dados, que normalmente são muito difíceis de encontrar cá, foram fabricados aqui”, revela Lontro. Tudo isto resultou num jogo de tabuleiro disponível por 34,95 euros.