No ano em que João Fernandes deixa de assumir o cargo de diretor de Serralves, grande parte das Fundações sofrem um corte brutal nos apoios do Governo. Inicialmente o corte seria de, no máximo, 30% mas notícias recentes avançam que o Estado pode cortar até aos 50%.

João Fernandes, a quem sucede a britânica Suzanne Cotter, avisa que se os cortes das fundações chegarem aos 50%, pode ser “fatal para o projeto” do museu. Ainda assim, acredita que tal não vai acontecer, e que “o trabalho feito ao longo destes anos proteje a instituição de situações que a pudessem por em perigo a esse nível”, disse à Lusa, no final de uma visita guiada à exposição de Julião Sarmento – a última de que é comissário em Serralves.

Pede que “haja bom senso e capacidade da sociedade de defender este projeto”, já que “Serralves é muito importante, mesmo em termos económicos para a cidade e para o país” e seria “uma regressão completa criar uma situação que fosse insustentável” para o projeto.

Casa da Música com “ano charneira” na programação

Também Nuno Azevedo, presidente do Conselho de Administração da Casa da Música, anunciou, durante a apresentação da programação para 2013, que este será um “ano charneira”, em termos programáticos. Conta que, devido ao corte previsto de 20% [pelo Conselho de Fundadores], foi necessário “repensar toda a estrutura para 2013”. Para além da programação anual, há agora uma programação extra, “que será um conjunto de concertos que se devem auto-financiar” e complementam a programação anual. Esta programação extra ocupará 40% da programação total da Casa da Música.

Este esforço para o “aumento da rentabilidade”, explicou o administrador à Lusa, foi ainda acompanhado pela “renovação dos acordos de mecenato com os principais mecenas da Casa da Música”. Os fundadores mostraram ainda “disponibilidade para que, no exercício de 2013 a 2015, a fundação recorra aos seus fundos em cerca de 300 mil euros por ano”, conta o Nuno Azevedo.

Ao contrário do veiculado, o secretário de Estado da Cultura, Barreto Xavier, referiu, na semana passada, que o corte será de 30% mas Nuno Azevedo garantiu “não ter qualquer indicação de que o corte seja superior àquele que foi indicado”.

O administrador destacou ainda o facto de, apesar de em 2011 a Casa da Música ter sido submetida a um corte não previsto de 15% e em 2012 de 20%, a instituição “não definhou”: “O número de espectadores duplicou, ultrapassando o ano passado o meio milhão de visitantes”, e a instituição quadruplicou as suas receitas de atividade, tendo hoje “o maior mecenato cultural em Portugal”.