Tomás Noronha anda numa “busca pela verdade” da crise, dos seus autores… e faz uma previsão daquilo que pode ocorrer no futuro, explica o autor. Apesar de alguns assuntos abordados serem politicamente incorrectos, José Rodrigues dos Santos fez questão de salientar que correspondem à verdade e que muitas vezes não são referidos porque é necessário apresentar provas.

A sessão teve lugar na Fundação Dr. António Cupertino Miranda , onde José Rodrigues dos Santos nos falou sobre o tema que envolve o seu novo romance: a crise. A obra surgiu como uma ideia da Gradiva de dar resposta, de forma profissional, ao momento de crise que atravessamos.

A origem da crise não é certa, porém. Há quem defenda que a crise começou com a desregulação dos mercados, outros preferem denunciar a má governação ou, então, pode sempre culpar-se Angela Merkel. José Rodrigues dos Santos preferiu usar a analogia da queda de um avião: do mesmo modo que não existe apenas uma razão para a queda de um avião, também a crise não é só uma. Ou seja, “não há uma crise, há várias crises”.

“Estivemos a endividar-nos de forma galopante”

Para José Rodrigues dos Santos, “estivemos a endividar-nos de forma galopante” e, através de um gráfico com as variações do desemprego, o escritor explicou por que razão os políticos nos mentem. Na verdade, em 2001 houve um aumento do desemprego, não devido ao atentado terrorista de onze de setembro, mas por causa do dia 30 de março, o dia em que a China aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC). Consequência: a deslocalização dos mercados.

A partir da entrada da China na OMC, deu-se uma grande queda do PIB e a solução encontrada foi injetar dinheiro na economia, tal como propõe a teoria keynesiana. No entanto, o autor defende que a injeção de dinheiro só deve ser feita quando há excedente, o que não aconteceu no caso de Portugal. O que fizemos foi uma “reciclagem do dinheiro”, pois “recebíamos dinheiro do estrangeiro mas depois comprávamos carros a empresas alemãs e ficávamos com a dívida na mesma”.

“Estamos perante duas soluções: umas más e outras péssimas”

Para o autor, “dar esperança às pessoas é mentir-lhes” e quando um político diz que há outro caminho para além da austeridade, “é um político que nos está a mentir porque não há outra alternativa”. Quem afirma tal coisa, ou é alguém que “vende ilusões” ou “descobriu uma teoria económica maravilhosa e vai ganhar o Prémio Nobel da Economia”. Contudo, confessa o escritor, “o político mente porque sabe que se disser a verdade não é eleito”. Assim, tendo em conta o contexto de crise em que nos encontramos, “estamos perante duas soluções: umas más e outras que são péssimas”.