A viagem durou 1426 dias, 203 semanas e quase quatro anos repletos de aventuras que terminaram em novembro. Graham Hughes visitou todos os países do mundo sem nunca ter entrado num avião e foi o primeiro homem a fazê-lo – já registou o feito no Guiness. A “Expedição Odisseia” começou no Uruguai, a 1 de janeiro de 2009 e desde aí, Hughes não parou. As condições eram simples: os 250 mil quilómetros para visitar os 201 países do mundo tinham de ser feitos, por terra ou por mar, como pretendesse, mas nunca em aviões ou num carro particular.
Viajou sozinho, sem back-up nem apoio, e sustentou-se com um orçamento apertado de 100 dólares por semana, à custa de boleias em navios de carga e couchsurfing. “O mundo é surpreendentemente acessível”, diz. Entretanto, passou quatro dias em mar alto num barco de madeira furado para chegar a Cabo Verde, esteve preso no Congo, atravessou o bloqueio de Cuba, alimentou crocodilos na Austrália e caçou dragões de komodo, brincou com lémures em Madagáscar, e deu banho a elefantes na Índia depois de comer polvo vivo na Coreia do Sul. Como ele próprio descreveu, foi “uma aventura de proporções épicas”.
“Este planeta é nosso. A única casa que alguma vez conhecemos”
A ideia da expedição
A ideia da expedição nasceu há oito anos atrás, durante uma caminhada no Sudeste Asiático. Amante do planeta, decidiu em 2008 que era altura de partir. “Por que razão decidi fazê-lo? Porque este planeta é nosso. É a única casa que alguma vez conhecemos e a única que conheceremos. Durante muitos anos os poderes instalados decidiram onde podíamos e onde não podíamos ir. Isso acabou”, explica o inglês. A preparação demorou seis meses.
Pelo caminho, Hughes, de Liverpool, conheceu centenas de pessoas e gravou todos os momentos relevantes das suas aventuras em vídeos, que editava e publicava online, e atualizou constantemente o seu site na Internet. “As pessoas que conheci restauraram a minha fé na Humanidade”, conta. No entanto, nem tudo foi fácil: “foi uma grande conquista simplesmente conseguir manter-me vivo e não adoecer”, desabafa.
Ainda assim, Hughes garante que “nos últimos 15 meses” aprendeu mais que “em 15 anos de escolaridade”. Para além disso, tinha um objetivo e conseguiu alcança-lo: “Mostrar às pessoas que não é preciso ser milionário para fazer algo assim”. Não precisamos de uma equipa de apoio ou de um jipe. Só de nós próprios”, garante.
Mas a próxima ideia já fervilha e Hughes já programa um roteiro por todos os festivais que acontecem pelo mundo. “Porque todos sonhamos em viajar pelo mundo. Mas uns sonhos são maiores que outros”, lê-se no site do aventureiro inglês.