José Maria tem 31 anos e é de Serpa, mas pertence ao mundo. Em 2009, entrou num programa de voluntariado para África e foi Moçambique que o acolheu. Deu aulas, ajudou a comunidade, reabilitou a biblioteca… tudo enquanto dava formação a professores universitários. Quando chegou a hora de voltar, não foi Portugal que o recebeu, mas a Noruega.

O Afonso Bértolo tem duas coisas em comum com o José: África e o voluntariado. Depois de oito meses a ser voluntário na Hungria, chegou a Lisboa sem querer voltar à rotina. Literalmente. Pouco tempo depois, embarcava numa viagem até à Guiné-Bissau numa furgoneta com mais sete pessoas.

Mas além do José e do Afonso, há a Andreia na Austrália, a Sara na Suécia, o João e a Rita no Brasil – mas não por muito tempo. São estas histórias, e as de todos os outros portugueses espalhados pelo mundo, que Mara quer contar no Coração Luso, para completar a sua própria história.

Mara Alves tem 29 anos, é licenciada em Jornalismo e Comunicação e diz que “não tem um rumo certo”. A “vontade de conhecer mais”, o desemprego e o convite de uns amigos levaram-na a Inglaterra – e foi aí que tudo começou, graças “às insónias” e “à necessidade de criar coisas”. Mas não só: “Sentia-me muito sozinha e o meu feitio não é muito dado a isolamentos”, confessa Mara. “Sofri ali um bocadinho e o Coração Luso veio preencher também o meu coração”.

“Fazer deste coração, um coração do tamanho do mundo!”

Quem sabe, um livro

coracaolusoTransformar o projeto em livro é, segundo Mara, “o último passo”. Quando tomar essa decisão, dá “por encerrado” o Coração Luso e este projeto “ainda não é para terminar tão cedo”, até porque “as histórias não se esgotam”. Agora, muito menos: Mara também já recebe histórias de portugueses em Portugal. A única condição é serem inspiradoras.

O projeto ganhou forma em fevereiro e transformou-se numa experiência “que não há dinheiro que pague“, feita de partilha e inspiração. “Há alturas da vida em que precisamos de um clique, de um abanão. E o meu objetivo com o Coração Luso é precisamente pôr as pessoas a pensar: Mas porque é que não sou eu? Porque é que eu não faço alguma coisa com a minha vida”.

Desde então, foram centenas de histórias que lhe chegaram às mãos. Mara já nem precisa de procurar. A que mais a marcou foi a que “lhe inaugurou o coração”, a de Zé Maria. Mas garante: “São todas especiais” – e são mesmo. Tanto que, em menos de um ano, o blogue já reuniu mais de 80 mil visitas, sem sequer ter uma periodicidade definida, pela falta de tempo de Mara.

Ainda assim, Mara, já em Portugal, quer tornar este um projeto mais sério e já está quase a dar o passo em diante. O blogue transforma-se num site a sério já em fevereiro de 2013, quando o projeto completa um ano. E até traz novidades: uma “carga noticiosa” acerca dos portugueses lá fora e uma rúbrica denominada “O Coração Nómada” – do blogue com o mesmo nome -, por uma jornalista que vai viajar durante um ano pela América do Sul e que parte já na segunda-feira.

O objetivo final, está traçado: “fazer deste coração, um coração do tamanho do mundo!”