Hélder Bastos é professor da Faculdade de Letras, esteve presente como na organização do III Congresso de Ciberjornalismo, foi orador e apresentou o seu mais recente livro, “Ciberjornalismo: Modelos de Negócio e redes sociais”, em co-autoria com Fernando Zamith.

Até hoje, tem sido um dos mais entusiastas estudiosos do ciberjornalismo, que surgiu em Portugal há cerca de quinze anos. É o grupo, dentro do jornalismo e dos jornalistas, que mais tempo passa dentro das redações. Fala-se em sedentarização. Mas no mundo atual vence quem der primeiro a notícia.

Hélder Bastos diz que “o facto de se exigir muito da questão do imediatismo e da instantaneidade, levou-se a uma espécie de subvalorização da profundidade do contexto, que é a imagem de marca do jornalismo de referência”.

Competência técnica vs qualidade jornalística

“O que interessa é que ele saiba editar vídeo, filmar, editar som e tal. E não interessa ter boas fontes de informação? Dar caixas? Dar notícias em primeira mão? Descobrir histórias, contá-las? Ir para o terreno, falar com as pessoas? Isso não interessa?” (Hélder Bastos)

Para quando um segundo Watergate?

Por isso mesmo, acredita-se que os pilares do jornalismo de investigação já não estão seguros e questiona-se se seria possível um segundo Watergate na Era Digital. “A investigação está a passar por um mau momento, no jornalismo em geral e o que o ciberjornalismo fez foi exacerbar essas tendências”, garante o professor.

Hélder Bastos alerta para a necessidade de salvar não só o ciberjornalismo, como o jornalismo em geral. Muitas vezes, as falhas ou as descompensações no exercício dos seus papéis e dos seus deveres são resultado das más escolhas que vêm do topo da hierarquia, mas também dos consumidores que continuam a dar prioridade ao que é frívolo.

Se há muitos que defendem que o jornalismo está apenas modernizado, Bastos apela ao resgate, das mãos erradas, daquele que já é quarto do poder.