A história já vem de trás, e começou com os salários em atraso, que vieram desvendar a frágil situação económica da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. Depois da penhora superior a um milhão de euros que sofreu da Segurança Social, está mesmo na iminência de fechar.

As “duas únicas funcionárias efectivas” da casa cumprirão esta sexta-feira o seu último dia de trabalho, disse à Lusa Edite Lima, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte. “Os outros, mais de 200, já meteram as cartas de suspensão. É o fim da Ordem”, garante.

Desde janeiro que a Ordem – que engloba um lar e um hospital – tem vindo a fazer cortes nos serviços e também desde essa altura que a maioria dos trabalhadores pediu a suspensão ou a rescisão do contrato de trabalho por considerarem “insustentável aguentar mais tempo com salários em atraso”, explica.

O hospital deixou de funcionar por falta de médicos e no lar, os serviços mínimos ficaram confinados a 10 pessoas – parte do pessoal não efetivo. Lá ainda residem 45 pessoas, trinta das quais em regime vitalício (utentes que pagaram elevadas somas de dinheiro para garantir o internamento e tratamento para o resto da vida). Para além disso, “as pessoas que ainda lá trabalham fazem-no por dedicação aos idosos”, diz Edite Lima.

A atual administração da Ordem do Carmo, no entanto, ainda quer tentar salvar a casa, “através da venda de património para saldar as dívidas”, garante a sindicalista. “Em meados de Outubro”, no entanto, “o provedor disse mesmo que, se não conseguisse resolver a situação até ao final do ano, teria que fechar” e Edite não acredita que se “tenha conseguido resolver a situação”.

Ainda assim, a Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo tem marcada uma assembleia geral extraordinária para o dia 10 de Janeiro, onde se discutirá “a situação atual da instituição e perspetivas de desenvolvimento da actividade nos vários sectores ou valências de intervenção”, bem como “medidas de recuperação”.