Faltam poucos dias para “Django Unchained” chegar a Portugal (24 de janeiro), mas apesar de também só se estreado recentemente nos EUA e mesmo estando a ser um sucesso de bilheteira, com quase 100 milhões de euros averbados, já está a dar que falar pelas razões negativas.

Na verdade, a polémica não tem bem a ver com o filme em si, porque já quase todos sabem que os filmes de Quentin Tarantino envolvem muita ação, ousadia, sangue e uma mistura de ingredientes que entretêm e que, de vez em quando, resultam em algo do género de “Django Unchained“: um “western spaghetti” sobre um escravo negro (Jamie Foxx) que se torna um caçador de recompensas, lado a lado com um médico branco (Christoph Waltz), para lutar contra a escravatura afro-americana no Mississippi.

Django

A figura de ação de Django é a única que inclui um acessório: uma pistola

A revolta que existe, neste momento, tem a ver com as figuras de ação baseadas nos protagonistas do filme, que Tarantino pediu para serem produzidas. Tratam-se de seis bonecos, que retratam o mesmo número de personagens – Django (Jamie Foxx), Dr. King Schultz (Christoph Waltz), Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), Broomhilda (Kerry Washington), Stephen (Samuel L. Jackson) e Butch Pooch (James Remar) -, fabricados pela empresa NECA com o estilo pretendido pelo realizador: simplistas e inspirados na aparência retro da marca Mego, que nos anos 70 definiu o mercado de figuras de ação.

Brincar com a escravatura

Segundo alguns ativistas de direitos civis, o estilo “infantil” das figuras, ainda que indicadas para colecionadores a partir dos 17 anos, pode cativar o interesse de crianças, o que não seria o ideal para um produto “que trivializa os horrores da escravatura e o que os afro-americanos experienciaram”, disse Najee Ali, diretor da organização “Project Islamic Hope”, à agência Associated Press.

“É um estalo na cara para os nossos antepassados”, referiu ainda o mesmo responsável, que vai exigir a retirada dos brinquedos. Também o pastor batista Al Sharpton disse ao New York Daily News que ninguém deve “utilizar estas figuras de ação para o seu próprio entretenimento, e gozar com a escravatura”.

Os bonecos, à venda na Amazon, já despertaram vários comentários pró e contra a sua comercialização, o que, de facto, pode torná-los cada vez mais valiosos. Na verdade, é assim que funciona o mundo dos artigos colecionáveis.