Eduardo Bragança andou por Lisboa, Madrid, Paris, Londres, Berlim, Oslo, Atenas, Zagreb, Liubliana, Marraquexe e Rio de Janeiro. Falta, apenas, Nova Iorque nesta lista.

Em cada local, entrevistou cerca de 60 pessoas. Segundo explica o próprio, ao P3, esteve “parado na rua, a tentar perceber quem poderia ser interessante para falar”.

O trabalho deste artista plástico consistia em colocar, em cada paragem, uma questão diferente, como “Qual o sentido da vida?”, “O que te inspira mais?” ou “Já tomaste alguma decisão que tenha mudado a tua vida?”.

Das respostas resultaram documentários, de 20 minutos cada, e retratos pintados, com a expressão que o autor considerou representativa de cada ponto da viagem.

“Exploring Emotions” é o nome deste projeto, idealizado por Eduardo Bragança em 2011. “A palavra ‘crise’ encharcava a vida das pessoas e resolvi fazer uma viragem na minha vida e dar novos horizontes ao meu trabalho”, afirma.

O plano foi traçado para três anos: filmar em 2011, pintar em 2012 e expôr em 2013. Em Nova Iorque, para onde o autor pretende viajar em meados deste ano, há duas tarefas planeadas: filmar o documentário e apresentar os trabalhos até aqui realizados.

Aprendizagem e gestão do tempo

Eduardo Bragança teve de começar do zero, no que à edição de vídeo e de som dizia respeito. Depois de uma aprendizagem intensiva, lançou-se na aventura. Tentou gerir não só o orçamento disponível, mas também o tempo para as diversas tarefas.

“Ao mesmo tempo que surgia um novo público, novos interlocutores para a minha mensagem artística, foram surgindo oportunidades de trabalho. Tentei encontrar um ponto de equilíbrio entre o tempo dedicado a este projeto e as novas solicitações”, conta.

O tema da crise é central neste trabalho e Eduardo sentiu-o no terreno, com o desconforto e o medo da mudança manifestado por alguns entrevistados.

“As pessoas parecem esperar uma mudança, mas não são participativas. Em Paris, perguntei qual tinha sido a última vez que as pessoas tinham feito algo pela primeira vez. Muitos revelaram perplexidade, quando se aperceberam que não o faziam assim tantas vezes”, recorda.

Eduardo Bragança diz que alguns dos depoimentos – muito abertos, talvez pelo facto de “não existir compromisso ou pudor, diante de um estranho” – quase o fizeram chorar.

Até ao dia 19 do mês de Janeiro serão exibidos, no espaço Armazenarte, no Porto, alguns dos documentários e das pinturas que resultaram desta iniciativa. Ao mesmo tempo, os documentários serão exibidos na galeria Brunswick, em Victoria, na Austrália.