A única forma de tornar o sistema sustentável é garantir a renovação de gerações, para que as comparticipações sejam sempre superiores aos apoios beneficiários, explica Ana Venâncio, diretora-adjunta do Centro Distrital da Segurança Social do Porto. “Neste momento, conjugado o processo de envelhecimento com a crise económico-financeira que o país atravessa, a Segurança Social (SS) está no centro do furacão”, explica, resultanto num grande desiquilíbrio.

A SS sempre foi vista como um “guarda chuva nacional”

O problema, diz Ana, é que a SS sempre foi vista como um “guarda-chuva” nacional: no passado, os portugueses não percebiam que não se produzia riqueza suficiente para conseguir ter no Governo uma resposta mais eficaz.

Para Ana Venâncio, é agora necessário, da parte do Governo, muita coragem para “acabar com a subsídio-dependência com que temos vivido”. “Devemos passar de um Estado ‘social providência’, no qual o Estado está sempre presente, para um Estado ‘social garantia’, que garanta efetivamente auxílio nas piores situações”, clarifica. E a verdade, diz, é que “é melhor ter um Estado social sustentável do que um Estado social em falência”.

Há que ser como os jovens: encarar o futuro de uma forma positiva

Mudar de mentalidade, mudar de paradigma. Para Ana Venâncio, só há duas opções para “sobreviver” à crise: mudar de paradigma e, por isso, mudar de mentalidade. “Temos de ter uma atitude diferente. A maior crise que nós estamos a viver neste momento é uma crise de valores”, refere.

Segundo Ana Venâncio, há que ser mais como “os jovens”, que “já nos estão a dar grandes lições”. “São muito mais empreendedores e pró-ativos, não estão à espera que o emprego lhes caia das mãos”, afirma. Mas também deixa um apelo: “Não se devem deixar derrotar por uma imagem menos positiva do país, devem intervir na sociedade para contrariar esta situação”.