A nortenha Sara Moreira conquistou mais uma meta do atletismo internacional e está entre as três melhores europeias do ano. Mas apesar do sucesso dos atletas portugueses, ainda há muito que investir na modalidade em Portugal.

Sara Moreira conquistou, esta quinta-feira, a medalha dos 3 mil metros do meeting feminino, em Val d’Oise, em Eaubonne, França. Para além disso, atingiu a marca mínima para os Campeonatos da Europa de pista coberta que decorrem em março, em Gotemburgo.

A atleta tirsense do Maratona Clube de Portugal superou a forte competição das etíopes Gete Dima e Einaz Ayana e da belga Almenesh Belete. Mas ainda mais importante: a marca atingida por Sara Moreira coloca-a como a terceira melhor europeia do ano e a primeira atleta feminina portuguesa a conseguir a marca mínima (depois de quatro atletas masculinos o terem feito).

Apesar das conquistas portuguesas, torna-se cada vez mais difícil ser atleta ou treinador desta modalidade. O nível de exigência para atletas e treinadores é elevado, mas a falta de condições técnicas impede-os de chegar mais longe.

Pistas degradadas e falta de apoio médico

Com pistas de treino degradadas, e sem materiais à altura, as lesões tornam-se frequentes, e o apoio médico prestado não chega. “É uma questão cultural, uma questão de digamos proporcionar às outras modalidades um espaço maior nos seus jornais, que nos permita não só falar da modalidade quando ela tem um resultado bom ou resultado mau, mas também dar opinião aos treinadores e aos dirigentes que estão nas modalidades”, explica João Campos, treinador de atletismo.

Mas João Campos não é um treinador qualquer. Coordenador de atletas olímpicos e recordistas, como Fernanda Ribeiro, Jéssica Augusto e Rui Silva, confirma que os atletas de alto rendimento não têm apoio suficiente. Ainda assim, apesar dos muitos aspectos que complicam o reconhecimento do atletismo em Portugal, o treinador não desespera, e acredita que ainda há esperança. Porque, afinal, “quem corre por gosto não cansa”.