A vocação sacerdotal de Pedro Oliveira surgiu por acaso. “Um dia, na sessão de catequese, perguntaram quem queria ser padre. Eu levantei o braço e aqui estou”, afirma. Hoje, não imagina “a vida sem ser padre”, embora confesse que já passou por crises de fé e vocação. “A fé é algo que se interroga constantemente. Porque a fé é sempre dúvida, é mistério”, acrescenta.

Ainda assim, antes de ser padre “é primeiro homem e cristão”. Por isso mesmo, não se coíbe de ter “outras paixões” e de comentar os assuntos mais polémicos da Igreja, como o celibato. “É uma lei e todas as leis podem ser mudadas com o tempo. O celibato não deveria ser uma imposição, mas uma escolha“, refere.

Foi em 1073 que o papa Gregório VII impôs o celibato, já que acreditava que o casamento distraía os sacerdotes do seu serviço a Deus, mas Pedro não vê qualquer “incompatibilização entre o casar e o ser padre” e não percebe o porquê de a Igreja não discutir este tema. Também não acredita que a Igreja permita, em breve, a ordenação feminina “apesar de Jesus ter estado sempre rodeado de mulheres, que o acompanhavam na sua missão”, conta.

Ainda assim, o pároco considera que “a mentalidade da Igreja tem vindo a mudar” e dá como exemplo a questão do uso do preservativo que, confessa, “é tolerável” para evitar a propagação de doenças.

Já quanto à posição da Igreja Católica sobre a homossexualidade é clara: não aceita. Ainda assim, o sacerdote lembra que também não é aceite “por muita gente na sociedade civil” e defende que não podem “ser colocados à margem”.

Instado a comentar a atual crise económica e financeira, considera que a Igreja pode significar “a esperança” para as pessoas, mas adverte que a “não mata a fome a ninguém”.

Com ideais muito bem definidos, independentemente da religião por que se rege e do futuro que abraçou, o padre Pedro tem outras distrações. Antes de se tornar responsável pelas freguesias de Sande, Penhalonga e Paços de Gaiolo, em Marco de Canaveses, estagiou durante ano e meio em Freamunde, onde acabou por se tornar dirigente do clube local que, atualmente, disputa o campeonato da 2.ª Liga.

É apaixonado por futebol mas garante: “Ao domingo nunca troquei uma missa pelo futebol”. Não esconde ainda que é adepto e frequentador das redes sociais como o Facebook, o Youtube ou o Twitter. Aliás, defende o uso destas plataformas para divulgar a palavra de Deus. “Se estão ao nosso alcance e não são prejudicais, por que não fazê-lo?”, questiona. Aliás, lembra até que o Papa Bento XVI, que esta segunda-feira anunciou a sua resignação a 28 de fevereiro, é “apologista” das novas tecnologias e que a diocese do Porto tem um canal próprio no Youtube.