Manuel Carvalho, antigo diretor-adjunto do jornal Público, é o moderador da conferência “O Papel dos Media na Promoção/Difusão da Educação Financeira”, que vai decorrer esta quarta-feira, na reitoria da Universidade do Porto (UP). O projeto resulta de um conjunto de iniciativas que, de acordo com Hugo Serra, responsável pela comunicação da conferência, pretendem sensibilizar “os públicos diretamente envolvidos” e a “sociedade em geral” para a importância da formação, “promoção de comportamentos responsáveis” e “tomada de decisões informada” no âmbito financeiro.

Em declarações ao JPN, Manuel Carvalho acrescenta a existência de duas realidades temporalmente distantes. “Há 15 ou 20 anos atrás, a questão do défice e da dívida pública era uma coisa distante, não fazia parte das conversas e da vida pública. Com a crise das finanças públicas parece que esse tipo de conceitos entrou no quotidiano”, afirma.

Literacia financeira elevada

Dados relativos a 2010 de um relatório realizado pelo Banco de Portugal apontam para níveis elevados deste tipo de literacia em pessoas com uma escolaridade ao nível da licenciatura ou superior, que ocupam uma faixa etária entre os 24 e os 59 anos.

Integrada no Ciclo de Conferências da Literacia Financeira, a conferência discute questões como a ação dos meios de comunicação social na explicação e simplificação de conceitos complexos. Desta forma, procura-se perceber até que ponto as televisões e os jornais permitem, através dos conteúdos que passam, um melhor entendimento do significado de definições do âmbito financeiro.

“Ainda que tenha origem no seio académico, o Programa de Promoção da Literacia Financeira da U.Porto dirige-se à população em geral”, afirma Hugo Serra. Destinado também a jornalistas e outros profissionais dos media, e à comunidade académica, a conferência, a par da presença de Manuel Carvalho, conta também com o painel composto por António Costa, diretor do Diário Económico, Jorge Fiel, subdiretor do Jornal de Notícias, Nicolau Santos, diretor adjunto do jornal Expresso, e Paulo Ferreira, diretor de informação da RTP. A iniciativa é da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, da reitoria e do Museu Papel Moeda da Fundação Cupertino de Miranda.

Media, literacia e quotidiano

Manuel Carvalho considera que os órgãos de comunicação existem para informar a população e simplificar as realidades económicas e financeiras. Ressalva, no entanto, as diferenças por parte dos diferentes jornais: “Um jornal económico, especializado em economia, faz mais esforços para colmatar as necessidades das pessoas do que um jornal generalista.”

No que ao quotidiano diz respeito, o assunto é, para o jornalista, importante, já que é relativo àquilo que “cada um de nós tem de saber sempre que tem de gerir um crédito ou contrair uma dívida”, exemplifica. “A conferência surge num momento em que se tornou consensual, na sociedade portuguesa, que é preciso saber lidar com estas questões e encontrar respostas para elas”, conclui.