“Um jornalista bom é o tipo que traduz bem”: a frase dita por Jorge Fiel, subdiretor do Jornal de Notícias (JN), resume a confluência opinativa dos convidados presentes na conferência “O Papel dos Media na Promoção/Difusão da Educação Financeira”.

O evento, organizado pela Reitoria da Universidade do Porto (UP), pela Faculdade de Economia da instituição (FEP) e pelo Museu do Papel Moeda da Fundação Cupertino Miranda, abriu com a intervenção do reitor da UP que considerou a iliteracia financeira “um problema sério, detetado há vários anos”. Marques dos Santos destaca a necessidade de a universidade portuense assumir um papel de destaque, com uma participação ativa, em iniciativas nacionais neste âmbito.

“Overdose” de informação

O desequilíbrio de forças entre as instituições, que privilegiam cada vez mais o trabalho com agências e/ou profissionais especialistas em comunicação, e o número cada vez menor de jornalistas foi visto como um forte contributo para a dificuldade em tratar a informação por parte dos jornalistas.

A moderação esteve a cargo de Manuel Carvalho, antigo subdiretor do Público, que introduziu a questão como sendo comum a todos os países desenvolvidos. Realçou, ainda, a necessidade de a população estar a par dos termos económico-financeiros mais recorrentes: “Hoje, para estarmos sintonizados com o tempo é necessário estarmos, no mínimo, sintonizados com este tipo de termos”.

De seguida, Pedro Sousa Carvalho, subdiretor do Diário Económico, sublinhou a especificidade da publicação onde trabalha: a dificuldade de conciliar a escrita para um público na sua maioria especializado com o imperativo de “não falar numa linguagem demasiado hermética”. Também referiu que na redação dos média económicos deve prevalecer uma mistura de trabalhadores da área de Ciências da Comunicação com outros que tenham formação noutros setores.

Pedro Sousa Carvalho olha para os jornalistas como “especialistas em generalidades”, que devem, ao partir para a “história”, colocar-se no papel de leigos para melhor lidarem com a informação.

A formação dos jornalistas no tratamento noticioso

Paulo Ferreira, diretor de informação da RTP, chamou a atenção para o facto de a formação dos jornalistas generalistas, normalmente, “não ser melhor do que a da média da população”. Um problema, dado que “quanto mais informados formos, melhor será o país no futuro”. Na opinião de Paulo Ferreira, tal poderia diminuir a ocorrência de erros cometidos num passado recente.

Por sua vez, Jorge Fiel, subdiretor do Jornal de Notícias, aconselha os jornalistas e os cidadãos a “manterem-se constantemente na idade das perguntas”. Falou da existência de duas línguas, o português e o “economês”, e da abordagem à linguagem económica.

António Costa, diretor do Diário Económico, e Nicolau Santos, subdiretor do Expresso, presenças previstas na conferência, acabaram por faltar à chamada.