“Como é que vamos encontrar um modelo de negócio que garanta a sustentabilidade?”, questionou Bárbara Reis, atual diretora do Público, dando início ao segundo painel de oradores da conferência “Jornalismo Online – ensino, práticas e novos modelos de negócio”. Não encontrar uma resposta definitiva era a única certeza dos convidados.

Responsável pela edição online do jornal Público, Simone Duarte, expôs as grandes diferenças ao nível de utilização entre o jornalismo online e os media tradicionais e alertou para a mudança de paradigma. Se “antes havia uma oferta que dominava a procura”, “agora o leitor dita a oferta”. Simone garantiu ainda que “o jornalismo não está em crise” e citou Darwin ao adaptar a Teoria da Evolução da Espécies ao futuro do jornalismo digital.

“Procurar dar a melhor experiência de utilização ao consumidor” é o principal objetivo da Samsung, disse Hugo Braz, Division Trade Marketing Manager da marca de telemóveis. Para isso, Hugo diz ser necessário “centrar a cadeia de valor nas necessidades do consumidor, não só satisfazendo-as, mas prevendo-as”.

“É possível fazer dinheiro com conteúdos, sim… Se forem relevantes!”

António Carriço, diretor de marca e comunicação da Vodafone Portugal, acredita que “há dinheiro” para o online, apesar de, em “termos médios”, ainda existir “mais investimento no papel”. Relativamente à publicidade no digital, Carriço deixou um aviso: “Podia estar melhor organizada!”.

Já Francisco Teixeira, “Chief Development Officer”, da Mediabrands, garantiu que “é possível fazer dinheiro com conteúdos, sim… Se forem relevantes!”. “Temos que saber se as pessoas estão dispostas a pagar”, sustentou Francisco. O representante da Mediabrands defendeu ainda que “o modelo de negócio” a adotar deve ser “equilibrado”. “Criar experiências de paywall” e “adaptar a plataforma” constantemente fazem parte dos planos da Cofina, adiantou Pedro Araújo e Sá, “Chief Investment Officer” da empresa. “Relevância e exclusividade do produto”, “oportunidade” e “facilidade de pagamento” são, segundo o representante, as três características que levam o consumidor a pagar.

Em resposta às questões levantadas pela plateia, Araújo e Sá concluiu que “há modelos de negócio exclusivamente digitais que podem resultar”. Para Francisco Teixeira, “a base para o sucesso está na ligação com os consumidores”. A incontornável conjuntura sócio-económica do país não escapou ao debate. Hugo Braz disse ser necessário “não ser míope”, dado que a crise serve a “determinados planos de gestão”, mas “não necessariamente a modelos de negócios”.

Ainda que hoje, “mais do que nunca”, existam “meios tecnológicos para fazer bom jornalismo”, para Simone Duarte “nada substitui, no jornalismo, o olhar cara-a-cara”.