São dez milhões de euros retornados por Serralves no Produto Interno Bruto (PIB) por cada milhão transferido pelo Estado. Este é o principal resultado de um estudo encomendado à Porto Business School (PBS) em 2011 e cujos resultados foram revelados na passada quinta-feira, dia 21.

Em 2010, ano abrangido pela análise, Serralves conseguiu gerar 9.538 milhões de euros em receitas, sendo que apenas 43,1% do valor proveniente provém de dinheiros públicos. Para Luí­s Braga da Cruz, presidente do Conselho de Administração da Fundação, com estes resultados há um “motivo legítimo para alguma satisfação”, visto que Serralves teve um efeito multiplicador em dez. por cada milhão oriundo do Estado.

Em termos globais, no ano de 2010, a Fundação teve um impacto global de 40,56 milhões de euros sobre o PIB, contribuiu para criar 1296 postos de trabalho, gerou 22,7 milhões de euros em remunerações e permitiu ao Estado encaixar 10,98 milhões de euros em receitas fiscais.

“Há parcerias público-privadas boas”, diz Paulo Rangel

A Fundação Serralves está abrangida pelo corte de 30% nos apoios estatais, o que significa uma perda de 2,3 milhões de euros.
Para Paulo Rangel, eurodeputado do PSD, Serralves é a prova de que “afinal há parcerias público-privadas boas” e essas “não deviam levar cortes, mas sim as outras”. Rangel explica ainda que Serralves encontra-se entre os equipamentos “fundamentais” da região, juntamente com o Aeroporto Sá Carneiro, o porto de Leixões, a Casa da Música e o Teatro Nacional São João.

“Querí­amos saber a nossa relevância económica”

O estudo foi, mediante concurso público, atribuído à  Porto Business School, da Universidade do Porto. Segundo Luís Braga da Cruz, o objetivo era saber qual a relevância da Fundação Serralves no panorama económico.

“A primeira conclusão que podemos extrair é que, para além do impacto cultural, Serralves deve também ser respeitado como agente económico”, disse o presidente do Conselho de Administração. Este acrescenta que o estudo tem sido bem recebido por quem o analisa e que terá sido a primeira vez que tal abordagem foi feita a uma instituição cultural. Revelou ainda que o Centro Português de Fundações propôs a aplicação deste tipo de análise nas fundações em si federadas. Tal decisão pode “regularizar a imagem de muitas fundações portuguesas, que merecem ser respeitadas pelo seu trabalho a favor da sociedade”.

Quanto a Serralves, os resultados já levam a instituição a pensar no futuro, que pode passar por uma abertura para novas frentes de ação, que passam pela entrada em novas áreas de expressão artística, como o cinema e o audiovisual, e o trabalho conjunto com as autarquias para descentralizar a cultura.

Por enquanto, os resultados de Serralves animam a fundação: 400 mil visitantes, entre os quais, 71 mil são estrangeiros; mais de um milhão de visitantes pela Internet e 124 mil crianças e jovens integrados em ações nos serviços educativos.

No final, algumas palavras de Luís Braga da Cruz resumem a sua intervenção na conferência do passado dia 20: “A cultura é um fator de desenvolvimento”.