No início do ano, a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZPH) começou a elaborar um ranking dos melhores bares da cidade. Semana após semana, a equipa secreta de António Fonseca – recentemente eleito para a liderança da associação – visita os vários estabelecimentos como “meros clientes” e avalia-os “de acordo com os seus critérios que visam a higiene e segurança e o atendimento ao cliente”.

O objetivo desta ideia pioneira é, diz o líder da ABZHP, “juntar ao divertimento já presente no Porto, um pouco mais de segurança, higiene e ter a certeza que o cliente é bem recebido em qualquer espaço”. Para além disso, para António Fonseca é importantíssimo não enganar o cliente turista, situação que, segundo o próprio, acontece “não raras vezes”.

“Conheço casos em que o conceito de um bar está definido e é publicitado e depois quando o visitamos não obedece a nada daquilo que nos foi dado a conhecer. As expectativas do consumidor não podem continuar a ser defraudadas”, sublinha.

“Não somos a lei, mas baseamo-nos nela”

António Fonseca rejeita por completo a ideia de que está a fazer oposição aos empresários da área da cidade do Porto e até que lhes esteja a causar algum tipo de problemas. “A nossa ação será sempre pedagógica. Como costumamos dizer, é uma espécia de auto-regulação. Não somos nenhuma autoridade competente para a fiscalização mas acredito que seremos mais eficazes, pela atitude mais natural que adotamos. Não somos a lei, mas baseamo-nos nela”, esclarece. “Conheço casos de empresários que poucas vezes estão no seu estabelecimento e que, por isso, não têm conhecimento do péssimo serviço que o seu staff presta ao consumidor”, acrescenta.

O presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto diz não ter “sofrido quaisquer pressões por parte dos empresários”, mas admite ter recebido “alguns telefonemas, sobretudo reações de alguns proprietários que não viram o nome do seu estabelecimento constar entre os melhores do ranking”.

António Fonseca não vê isso como problema: “É bom que me liguem e que reajam, é sinal que não estão satisfeitos e talvez queiram mudar aquilo que não têm de tão bom no seu espaço. Aproveitamos sempre para lhes dizer o porquê de não estarem no topo da lista. Queremos continuar com esta atitude cooperante mas não vamos tolerar que situações incorretas se repitam durante duas ou três visitas nossas”, conclui.