No âmbito do ciclo de colóquios “Desporto e Companhias” organizado pela Porto Lazer em conjunto com a Provedoria Municipal dos Cidadãos com Deficiência da Câmara Municipal do Porto, realizou-se esta quinta-feira a conferência sobre “Desporto Adaptado”.

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A conferência contou com a presença de dois atletas de desporto adaptado: Luís Vaz, atleta de Rugby em Cadeira de Rodas e João Pedro Bártolo, atleta de Basquetebol Adaptado. Esteve ainda presente a médica especialista Maria João Andrade e o docente de desporto Rui Corredeira, ambos ligados à área.

A questão do desporto adaptado em Portugal tenta, lentamente, ter cada vez mais destaque graças a jovens motivados. O objetivo é alcançar alguma visibilidade num país dominado pelo futebol.

Depois dos Paralímpicos de Londres 2012, onde as várias modalidades do desporto para pessoas com deficiência foram mediatizadas – assim como com o caso jurídico do atleta paralímpico sul-africano Oscar Pistorius -, o tema alcançou alguma relevância. No entanto, a divulgação do desporto adaptado ainda tem um longo caminho à sua frente.

Segundo João Pedro Bártolo, que na conferência destaca o lado competitivo e profissional do desporto adaptado, “existem atletas profissionais que são subestimados”. Para ilustrar esta afirmação, o jovem atleta mostrou exemplos de órgãos de comunicação social que, no título da notícia, apresentam o desporto adaptado como inferior ao desporto sem adaptações.

João Pedro Bártolo explica que, em Portugal, existe um total desconhecimento da realidade internacional do desporto para pessoas com deficiências e menciona ainda outros problemas, como a ausência de políticas de captação de novos atletas ou a desvalorização em relação ao facto de serem precisos treinadores especializados, assim como a grande escassez de recursos financeiros.

Já o tema do “antes e depois do desporto adaptado” foi abordado por Luís Vaz, que luta com os seus colegas, desde 2010, pela implementação de uma equipa de rugby reconhecida oficialmente em Portugal. Depois de um acidente em 2007 e após ter conhecido os exercícios “por vezes monótonos” da fisioterapia, o engenheiro viu no rugby adaptado uma “grande ajuda na recuperação física e mental”, com a qual conseguiu superar muitos limites.

Maria João Andrade falou sobre o lado clínico dos desportos adaptados, considerando que são preciso equipas técnicas especializadas para seguir os jogadores, tendo em conta que, por exemplo, no caso de pessoas que se movem em cadeiras de rodas, “a subcarga dos membros superiores” tem que ser acompanhada e tratada.

A médica chamou ainda a atenção da Câmara Municipal do Porto que, segundo ela “tem um grande papel a fazer no que toca à adaptação da cidade para pessoas em cadeiras de rodas”, já que persistem ainda muitas barreiras arquitetónicas na Invicta.

A sessão terminou com Rui Corredeiro, docente da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), que explicou o seu envolvimento com o desporto adaptado e os esforços que a Faculdade faz para divulgar a questão, seja ela em áreas curriculares, assim como em projetos que abraçam, como a Dança Adaptada.