De certeza que em conversas de amigos ou de café, surge sempre o nome de um jogador que podia ter sido uma estrela, mas, por um motivo ou outro, não o conseguiu. O JPN descobriu dois desses casos. Ambos começaram as suas carreiras nas escolas de formação do FC Porto, onde “aprenderam a crescer” e acabaram por deixar uma marca no futebol português.

José Luís venceu três títulos em quatro anos, nas camadas jovens do FC Porto, onde jogava com jogadores como Alberto Cabral, Zé Nando e Domingos Paciência. Com 12 golos em dois jogos, aos 17 anos, o defesa central foi considerado uma “promessa” pela imprensa. Entre as várias diferenças que nota entre a sua formação e o futebol atual, José Luís destaca algumas: “Antigamente, treinava-se nos pelados, agora há centros de estágio, tudo é diferente”.

Nas camadas jovens, o jogador passou por clubes como o Tirsense, Ovarense, Beira-Mar e Vilanovense, depois dos escalões de formação do FC Porto. No entanto, demonstra, agora, algum desgosto: “Gostava de saber, na idade de formação, o que sei agora, depois de ter tirado o curso de treinadores, porque teria uma carreira diferente”.

Alberto Cabral voou para a Escócia para acompanhar o ex-treinador do Sporting, Paulo Sérgio. Colega de José Luís no Tirsense, Cabral passou ainda pelo Famalicão, Gil Vicente, Maritímo, SC Braga e Maia. Para o ex-jogador, “hoje fazem-se transferências com valores colossais”, no entanto, adianta que a situação não o “incomoda em nada”, até porque “são as regras da sociedade atual, é perfeitamente normal para quem tem possibilidade de investir”.

32 anos: final de carreira, novas oportunidades

Alberto Cabral e José Luís acabaram a carreira aos 32 anos, mas mantêm a paixão pelo futebol. “A lei da vida”, como diz José Luís, levou-o a frequentar o curso de treinadores de futebol depois de terminar a carreira como jogador. Hoje, a profissão passa por outras áreas e futebol só mesmo na televisão.

Alberto decidiu terminar a carreira na época passada para “começar um negócio” e admite que nunca ambicionou ser profissional de futebol. “Fui o que fui, tinha outros sonhos ou desejos para mim, mas as coisas no futebol foram aparecendo e eu fui aceitando as propostas que me foram apresentadas”, afirma. Hoje, ambos sentem orgulho por todos os companheiros que continuaram ligados ao futebol: “Vejo com grande satisfação os meus ex-colegas de equipa no papel de treinadores”, diz José Luís.

No que diz respeito ao futebol nacional, os dois concordam que, quando jogavam, “Portugal, a nível de clubes e de Seleção, estava exatamente no começo da notoriedade que hoje orgulhosamente ostenta”. Contudo, enquanto Alberto realça que muitos dos jovens jogadores partem para grandes clubes noutros países, onde são oferecidas “perspetivas risonhas”, José Luís acredita que, daqui a 5/10 anos, “a Seleção Nacional terá dificuldades em arranjar um onze muito forte”, devido à procura de jogadores estrangeiros pelos principais clubes portugueses.